A história, sempre, tem a verdade de quem vence e a dos vencidos. O desbravamento de uma parte do Sudoeste do Paraná, em alguns de seus aspectos, também tem duas verdades. Um gaúcho empreendedor foi um dos pioneiros ao abrir uma nova fronteira no Paraná, por acaso. No livro 200.000 Alqueires por uma caixa de fósforos, Elias Féder essa história é contada.
Ele tinha fechado uma sociedade com um dos homens mais ricos do mundo, à época, o boliviano Antenor Patiño, o Rei do Estanho.
Ele estava, assim, prestes a trocar, na década de 1950, o rústico Brasil pelo desenvolvido Estados Unidos – iria morar em Miami – e dar à sua família um novo patamar de vida.
Mas o destino e o espírito aventureiro alteraram bruscamente esta história.
O livro “200.000 alqueires por uma caixa de fósforos” narra a história de Mário Fontana que comprou uma área onde hoje cabem os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Vitória e Porto Alegre e iniciou a colonização do Sudoeste paranaense onde hoje existem mais de quarenta municípios.
Revolta
Foi nesse pedaço de terra que aconteceu um dos episódios mais importantes da história do Paraná: a Revolta dos Colonos, em outubro de 1957, que envolveu a Citla (Clevelândia Industrial e Territorial Ltda), empresa colonizadora de Mário Fontana, colonos, jagunços, posseiros e grileiros.
A cidade de Francisco Beltrão, por exemplo, chegou a ser invadida por quase seis mil pessoas.
Elias Féder viveu e presenciou todos esses acontecimentos ao lado do pioneiro Mário Fontana, e coloca no livro a sua versão da história, mostrando, inclusive, o cotidiano numa terra que, sem água encanada e luz, tinha que ser “rasgada” e onde o que valia, e muito, era o ouro “marrom”, os centímetros cúbicos de toras de cada árvore derrubada.
Publicado no Aeroporto Jornal – agosto/2016