Nesta seleção pessoal, primeira de quatro, reuni vinhos franceses que, além do seu valor intrínseco, me fazem lembrar de momentos felizes. Tendo oportunidade, sempre vou degustá-los com prazer. É também uma resposta aos amigos que me perguntam quais vinhos que gosto de tomar.

Champagne Taittinger Brut

champagne taittinger

Pierre Taittinger descobriu os vinhedos de Champagne durante a primeira guerra mundial e graças a sua paixão pelo vinho e a gastronomia retornou para a região alguns anos depois e investiu toda sua energia na criação de um grande Champagne Taittinger.

Em 1932 Pierre Taittinger comprou o Chateau de la Marquetterie (Reims, Champagne, França) propriedade com extrema importância na produção de vinhos espumantes. O Chateau, com adegas de 18 metros de profundidade, foi construído em 1734 por Jacques Fourneaux, que trabalhou de perto com monges Beneditinos, na época donos dos melhores vinhedos da região.

Desde 1932 o Champagne Taittinger tem crescido e conquistado seu lugar entre as melhores “casas de Champagne”, mostrando com audácia um estilo de vinho particular, muito influenciado pela uva Chardonnay.

É um vintage francês delicado e elegante feito através do processo Champenoise, onde a fermentação ocorre dentro da própria garrafa e depois descansa sobre suas borras.

Com tons dourados brilhantes, tem uma combinação aromática aberta e expressiva de notas de pêssego e damasco, flores brancas, brioche, baunilha e um delicado toque de mel, trazendo à boca, sensações persistentes, com notável sabor cítrico e final refrescante.

O teor alcoólico é de 12.5%.

Esta bebida harmoniza com aperitivos, caviar, mariscos, ostras frescas, saladas e risoto de frutos do mar.

Tinto Smith Haut Lafitte

Tinto Smith Haut Lafitte

A nobre família Bosq começou o cultivo de uvas em 1365. A propriedade foi comprada no século XVIII pelo escocês George Smith, que deu o seu nome a propriedade.

Após aquisição, começou a exportar para Inglaterra nos seus próprios navios, tendo ganhado fama desta forma.

Em 1842, Duffour-Dubergier, prefeito de Bordeaux e um viticultor entusiasmado, herdou Château Smith Haut Lafitte da sua mãe e elevou o vinho ao nível Grand Cru Exceptionnel.

Anos mais tarde, a empresa distribuidora destes vinhos – Louis Eschenauer – tomou a decisão de comprar a propriedade em 1958.

Décadas depois, a família Cathiard apaixonou-se por Château Smith Haut Lafitte, acabando por adquiri-la em 1990. A sua excelente tradição perpetuou e o lema desta família tem por base “fazer o possível para que cada colheita de vinho tinto e branco seja digna do nosso magnífico terroir”.

Este vinho é elaborado na região de Bordeaux com uvas Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot.

O teor alcoólico é de 13,5% (variando com a safra).

Uma maravilhosa expressão de Pessac-Leognan nas palavras de Robert Parker, que concedeu os máximos 100 pontos para a safra de 2009. A safra 2006 mereceu 93 pontos.

Um vinho rico e concentrado, de grande complexidade e potência, que demanda pelo menos dez anos para mostrar todas suas qualidades.

Obteve 95/100 na Wine Spectator, 97/100 de Robert Parker e 95/100 da Wine Enthusiast.

Tinto Château Mangot ST Emilion 2016, Saint Emilion Grand Cru AOC 2016

mangot st emilion 2016

É um vinho da região de Bordeaux, sub-região de Saint Emilion, elaborado pelo produtor Château Mangot com 80% de uvas Merlot, 15% de uvas Cabernet Franc e 5% com uvas Cabernet Sauvignon. O teor alcoólico é de 15%.

A história do Château Mangot começou em 1510. Este Château está localizado em Saint-Etienne-de-Lisse, no coração da região de Saint Emilion.

Os vinhedos têm 37 anos e foram plantados em alta densidade em solos calcários e argilo-calcários. As videiras são cultivadas de maneira sustentável. A colheita é manual para se obter uma perfeita maturidade das uvas.

A maturação é de 13 até 15 meses em barrica bordalesa de carvalho francês, sendo 40% novas. O engarrafamento ocorre entre 18 e 20 meses após a colheita.

Eu gostei muito deste vinho potente!

Tinto Duluc de Branaire Ducru 2016, Saint Julian AOC

Duluc de Branaire Ducru

Os Terroirs de Médoc-Saint Julien se destacam por oferecer um equilíbrio perfeito entre a potência de Pauillac e a delicadeza de Margaux, intensos, complexos e opulentos.

Os vinhos dessa denominação ostentam um buquê suave e harmonioso, taninos finos e aveludados e um excelente potencial de guarda, resultado da delicada combinação do Cabernet Sauvignon, integrando a sua densidade, estrutura e frescor, do Merlot, com a opulência, da Petit Verdot e da Cabernet Franc, que compartilha as notas florais e intensas especiarias.

O Duluc de Branaire Ducru é o segundo vinho da propriedade Château Branaire Ducru, é elaborado com os mesmos cuidados, porém com as uvas mais jovens da propriedade, é macio e encantador, digno desse terroir tão rico e complexo.

Em degustações, este segundo vinho concorre acirradamente com muitos vinhos renomados e bem mais caros, graças a sua estrutura impressionante e pelo belo equilíbrio aromático. Um tinto flexível e cheio de frescor, que pode ser consumido com prazer desde já.

O aroma é floral, com toques de especiarias.

Em boca é denso, macio, estruturado e com frescor.

Este vinho é muito bom, muito saboroso!

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Tinto Blason D’Issan – Château D’Issan 2015, Margaux AOC

blasson d'issan - château d'issan 2015

É um vinho francês da Região de Bordeaux, sub-região de Margaux, elaborado pelo produtor Chateau D´Issan, com uvas Cabernet Sauvignon e Merlot.

O teor alcoólico é de 14% podendo variar de acordo com a safra.

O Château d’Issan é uma das mais antigas propriedades produtoras de vinho no Médoc, assim como de toda região de Bordeaux.

Em 1152, diz-se que o vinho produzido pelo que hoje conhecemos como Château d’Issan foi servido no casamento entre Eleanor da Aquitânia e o rei Henrique II, um dos fatores que levaria a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra.

Vizinho ao Château Palmer, Issan é um dos expoentes da denominação de Margaux, sendo um Troisième Cru na classificação de 1855.

O Grand Vin é baseado em alta porcentagem de Cabernet Sauvignon, dando certa austeridade ao conjunto em um caminho contrário de delicadeza dos vinhos de Margaux. Já em seu segundo vinho, Blason d’Issan, a proporção de Merlot no corte aumenta, mas com menor porcentagem de barricas novas no amadurecimento.

Um tinto bem mais acessível, não necessitando de longo tempo de guarda. Seu estilo vai mais ao encontro das características da denominação.

A partir de 1988, o Chateau começou a produzir um terceiro vinho, o Moulin d’Issan. As ruínas do antigo moinho de vento do século XVII, que deu nome a este vinho, ainda se encontram no meio do vinhedo.

O atual alto nível de qualidade no Chateau d’Issan remonta a 1998, ano em que Emmanuel Cruse assumiu a função de administrar esta propriedade da margem esquerda. Ele obteve dupla graduação, em direito e enologia, e, desde então, transformou o Chateau em uma das principais propriedades da denominação de Margaux.

É um vinho muito bom que remete a gente para a região de Bordeaux e mostra a qualidade dos vinhos desta região da França.

Tinto Domaines de Rotshchild Lafite Reserva Speciale 2018, Pauillac AOC

 

Domaines Barons de Rothschild (Lafite)

É um vinho francês da região de Bordeaux, elaborado pelo produtor Domaines Barons de Rothschild (Lafite). O teor alcoólico é de 13%.

O Barons de Rothschild Réserve Spéciale 2018 é produzido com um corte das uvas Merlot (80%) e Cabernet Sauvignon (20%), oriundas de vinhedos em Bordeaux, na França.

De coloração púrpura brilhante, apresenta aromas de frutas vermelhas, como framboesa e groselha negra, com notas de alcaçuz e especiais. Um vinho tinto equilibrado, com taninos sedosos e um final fresco.

A fermentação alcoólica ocorre em tanques de aço inox, sob temperatura controlada. O vinho passa por fermentação malolática completa e após o corte final é maturado durante dez meses em tanques de aço inox.

O Barons de Rothschild Réserve Spéciale é fruto do trabalho de todas as equipes de Domaines de Barons de Rothschild (Lafite) e do relacionamento com seus fornecedores, a fim de realizar alguns cortes na melhor tradição dos grandes Bordeaux, privilegiando sempre o equilíbrio e a elegância.

Domaines Barons de Rothschild (Lafite) apresenta uma rica história no mundo dos vinhos.

A primeira menção ao nome Lafite remonta ao ano de 1234, por Gombaud de Lafite, abade do Monastério de Vertheuil, a norte de Pauillac. No século XVII a família Ségur organiza os vinhedos e a vinícola começa a cultivar sua grande reputação. A partir do século XVIII os vinhos encontram seu mercado em Londres. Em 1761 o marquês Nicolas Alexandre de Ségur melhora as técnicas de produção e ganha o aval de Luís XV e da corte de Versalhes. Baron James de Rothschild adquire o Château Lafite em oito de agosto 1868, mas falece apenas três meses depois da compra, deixando a propriedade para seus filhos Alphonse, Gustave e Edmond.

A vinícola não passou imune pela grande praga de filoxera, sendo também afeta por focos de míldio. Durante a Segunda Guerra Mundial e a ocupação alemã de Médoc, a família Rothschild tem suas propriedades confiscadas, recuperando controle apenas em 1945. Segue-se então um período de reconstrução nas mãos do Baron Elie de Rothschild, produzindo uma série de vintages excepcionais em 1945, 1947 e 1949.

Hoje, Domaines Barons de Rothschild (Lafite) continua sua longa história de produção de rótulos extraordinários, com muitos vintages conquistando preços impressionantes em leilões ao redor do mundo.

É um vinho maravilhoso!

Tinto La Dame de Montrose 2016, Saint-Estephe AOX

Château Montrose

É um vinho francês elaborado pelo Château Montrose com uvas Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot.

O teor alcoólico é de 13,5%.

Elaborado pelo Château classificado “2 ème Grand Cru Classé” do Médoc e prestigiado pelos maiores críticos do vinho, este La Dame De Montrose 2016 esbanja requinte.

O Château Montrose tem um dos terroir mais privilegiados de Bordeaux, situado na AOC St. Estephe, na margem esquerda do Rio Gironde. Está no Extremo Noroeste das apelações de maior classificação do Médoc.

Um antigo ditado de Bordeaux diz que os melhores vinhedos “podem ver o rio”, regiões onde o solo é formado por cascalho e pedras, perfeito para a drenagem da água e, portanto, está sujeito à influência marítima mais intensa do Atlântico, como é o caso das valiosas parcelas do Château Montrose.

La Dame de Montrose é frequentemente chamado de “A primeira-dama” graças à elegância e refinamento que entrega em taça o segundo vinho do Château “2 ème Grand Cru Classé”, é elaborado com 52% de uvas Merlot, 35% Cabernet Sauvignon, 2% Cabernet Franc e 11% Petit Verdot, envelhecendo partes em barricas novas e partes em barricas com um ano de idade, durante 12 meses.

Sua coloração é rubi brilhante com reflexos violáceos. Tem um aroma de minerais, flores, cassis, terra molhada, trufas, cereja e chocolate amargo.

O vinho tem corpo médio a encorpado, bem equilibrado, com bastante fruta suculenta em boca. Tem textura aveludada, com final longo mineral com um toque de chocolate amargo.

Recomenda-se decantar por 1 hora antes de tomar.

Foi considerado um dos melhores “Second Vin” de Bordeaux por Robert Parker.

Harmoniza com queijos maturados, uma suculenta carne vermelha grelhada ao molho bordelaise ou uma deliciosa lasanha de beringela com queijo parmesão. Obteve as seguintes pontuações: 93 Pontos James Suckling; 93 Pontos Jeb Dunnuck; 93 Pontos Vinous (Neil Martin); 92 Pontos Wine Enthusiast e 92 Pontos Decanter.

A história de Montrose foi escrita por três famílias de proprietários ao longo de dois séculos, famílias pioneiras do Médoc, visionários e astutos, cuidavam e tiravam o melhor de seu terroir único.

O Château goza de uma situação geográfica excepcional em Saint-Estèphe e o ano de 1855 marcou o nascimento de um Grand Cru com a inclusão do Château Montrose na classificação oficial, um feito espetacular para um vinhedo de apenas 40 anos, na época.

Um extenso programa de renovação com objetivos ambientais muito rígidos foi realizado na propriedade desde que foi adquirida por Martin e Olivier Bouygues em 2006, refletindo a determinação dos novos proprietários em perpetuar a qualidade do vinho e fazer do Château Montrose um modelo de vinificação especializada e de desenvolvimento sustentável.

O La Dame tem seu nome em referência à Yvonne Charmolue, que dirigiu sozinha o Château Montrose de 1944 a 1960 e reergueu a propriedade depois da Segunda Guerra Mundial.

É um vinho espetacular!

Rosé Château Saint Maur Saint M

Saint M Rosé

Delicado e fresco, Saint M Rosé é marcado por uma mescla de frutas vermelhas frescas, frutas de caroço e toques florais. Um vinho agradável e elegante, com ótima acidez e mineralidade. Um ótimo exemplar da tradicional Provence.

É elaborado com 35% de uvas Cinsault, 25% Grenache, 20% Syrah, 5% Cabernet Sauvignon, 5% Mourvedre, 5% Tinbouren, 3% Rolle e 2% Clairette.

Tem uma linda cor salmão. O teor alcoólico é de 13%.

O aroma é de frutas vermelhas frescas como morangos, pêssegos brancos, além de notas florais e toques minerais.

Em boca tem corpo médio, delicado e fino com ótima acidez e grande equilíbrio. Seu final de boca é macio, com destaque para notas de frutas vermelhas, pêssegos e toques minerais.

Harmoniza com carnes brancas com molhos leves, frutos do mar, vegetais grelhados, queijos cremosos, como os de cabra.

Branco Chablis da Ropiteau Frères 2019

Branco Chablis da Ropiteau Frères 2019

Vinho muito delicioso!

É um vinho elaborado na região francesa de Chablis pela vinícola Ropiteau Frères, um dos produtores de destaque da região da Borgonha.

O singular terroir conta com um solo que já foi o fundo do mar, originado na era Kimmeridgian.

O teor alcoólico é de 13%, com tempo de guarda de 5 anos.

Apresenta cor amarela palha.

Tem aroma de frutas brancas e amarelas frescas, frutas cítricas e mel.

Em boca é leve, com boa acidez, mineral com toque de avelã

Tim tim!

Bete Yang, é Engenheira Civil, formada em 1975 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é enófila desde 1996 quando visitou região vinícola de Stellenbosch na África do Sul. Fez cursos de vinhos em Curitiba, no Vale dos Vinhedos (RS), na Associação Brasileira de Sommeliers/RJ, em Rioja (Espanha) e na Ecole du Vin de Saint-Émilion (França). Desde 2017 é membro do Viniep (Confraria de vinho do IEP- Instituto de Engenharia do Paraná). Visitou mais de 200 (duzentas) vinícolas na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul e Oceania. 

 bete_yang@yahoo.com  

Fotos: Bete Yang e internet

 

Comentários

2 Comments

  1. Silvano Aragão 5 de julho de 2024 at 20:57 - Reply

    Incrível!
    Parabéns pelo artigo.

  2. Mariana 8 de julho de 2024 at 01:21 - Reply

    Adorei a reportagem Bete. Parabéns. Fico no aguardo das outras partes!

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