As Minas Gerais não têm somente história e belezas naturais. Vinhos, azeites, café e queijos podem fazer parte do seu roteiro numa visita a Minas.
Quando se trata de turismo do vinho, ou do enoturismo, o destaque vai para municípios do Sul de Minas e da região da Mantiqueira. A partir de pesquisas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a tecnologia da dupla poda foi implantada em uma série de cidades e, hoje, é possível produzir vinhos finos de inverno, atrair visitantes e proporcionar experiências gastroturísticas bem interessantes. A pequena Andradas, situada na microrregião de Poços de Caldas, já colhe bons resultados.
A Casa Geraldo é um exemplo de vinícola que possibilita ao turista conhecer as estruturas da propriedade, passear pelos vinhedos, experimentar vinhos premiados e aprender mais sobre técnicas de degustação da bebida. O sócio proprietário, Luiz Henrique Marcon, lembra que, antes da pandemia, o espaço recebia cerca de mil visitantes por semana.
“A ideia é fazer com que nosso complexo promova a marca e que a gente consiga agregar mais valor aos nossos produtos. O enoturismo é muito importante porque ganhamos com a produção dos vinhedos e vendemos a experiência com a viticultura”, destaca.
O fundador da vinícola Stella Valentino, José Procópio Stella, também situada em Andradas (485 km de Belo Horizonte), chama atenção para o fator impulsionador que o enoturismo causa em outras cadeias produtivas do município. Para ele, o vinho atua como um ‘chamariz’ que beneficia redes hoteleiras, restaurantes, artesãos e demais indústrias locais.
“O vinho, por natureza, é um produto que chama turistas. Isso ocorre no mundo inteiro. Em Minas Gerais não é diferente, principalmente depois que começamos a produzir vinhos finos com o auxílio das tecnologias da Epamig. Creio que temos potencial para produzir vinhos em praticamente todo o Estado, não só na Mantiqueira”, enfatiza.
Azeites
A primeira extração de azeite extravirgem no Brasil aconteceu em 2008 no pequeno município de Maria da Fé, na Mantiqueira, e hoje a região conta com cerca de duzentos olivicultores e sessenta marcas de azeites destaques em circuitos gastronômicos, detentoras de prêmios nacionais e internacionais.
O azeite também embala roteiros e desperta a curiosidade de turistas na região. Segundo o pesquisador da Epamig em olivicultura, Pedro Moura, grande parte dos produtores locais está focado no gastroturismo. O modelo de negócio consiste em equipar as propriedades para proporcionar aos turistas imersões completas na produção do azeite.
Em Poços de Caldas, o empresário Moacir Carvalho Dias administra a fazenda Irarema, que tem a maior parte de seus ganhos financeiros em decorrência do gastroturismo. O empreendimento é familiar e inclui restaurante, cafeteria e visitas à propriedade, fundada em 1870.
De acordo com Dias, a fazenda recebe, em média, quinhentos visitantes por final de semana, mas o número chega a dobrar em feriados prolongados. Ele conta que dificilmente o empreendimento sobreviveria apenas com a venda de azeites em lojas e supermercados. A possibilidade de atrair visitantes maximiza os lucros, diversifica as fontes de renda e gera valor agregado ao produto final.
“O que mais chama atenção dos turistas durante as visitas é o conjunto da obra. A gente faz um ‘tour’ didático por todo ciclo de produção do azeite: explicamos as etapas, mostramos como é fabricado, promovemos degustações, ensinamos como detectar azeites adulterados e instruímos o turista a sempre comprar azeites brasileiros”, explica.
Café
Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil e possui o título de melhor café do mundo conquistado no Cup of Excellence, principal concurso internacional de qualidade da bebida. Em novembro de 2020, o grão produzido com a cultivar Paraíso H419 da Epamig, no município de Coromandel (a 7 horas da capital), alcançou o primeiro lugar na oitava edição do Prêmio Região do Cerrado. A saca com 60 quilos foi leiloada por R$ 20.717.
O reconhecimento concedido aos cafés mineiros desperta a atenção de turistas. Para a Q-Grader (profissional de degustação e classificação de cafés), Larissa Fassio, o gastroturismo do café tem o poder de transformar as pessoas por meio de estímulos dos sentidos. De acordo com a especialista, o entendimento além dos sabores presentes na xícara promove a valorização do trabalho e do empenho dos produtores.
“Caminhar por cafezais desperta o sentimento de pertencimento, de envolvimento com o processo produtivo como um todo. Faz com que o turista tenha mais consciência na hora de consumir o café. Como consequência, ele valoriza mais o grão e propaga a cultura. Tudo se liga, se encaixa e transforma para melhorar a vida das pessoas”, reforça.
No Sul de Minas, principal região produtora do grão, um percurso de 35 km compõe a Rota do Café. O trajeto compreende os municípios de Carmo de Minas e São Lourenço e proporciona aos turistas uma experiência única em fazendas centenárias. Já em Patrocínio, maior município produtor de café de Minas e do Brasil, os turistas têm a possibilidade de visitar uma série de propriedades.
Queijo
O Estado tem a mais antiga escola de laticínios do país, o Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), da Epamig. Fundado em 1935, ele contribui para a indústria brasileira de produtos lácteos com pesquisas, difusão de tecnologias e cursos técnicos e de capacitação. A empresa também mantém o Centro de Pesquisa e Treinamento em Queijos Artesanais em São João del-Rei, que dá suporte à cadeia produtiva de queijos de leite cru.
O produtor de queijos da Serra da Canastra (a 400 km de Belo Horizonte), Rafael Soares, recebe turistas em sua propriedade e exibe, com orgulho, todo o processo de confecção de queijos, desde a ordenha até a comercialização em queijaria própria. “Ao atrair uma pessoa interessada em conhecer todo o processo produtivo de um queijo mineiro, eu consigo agregar valor ao meu produto final e não preciso passar por atravessadores que reduzem minha margem de lucro”, observa.
Além da Serra da Canastra, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) reconhece como regiões produtoras de Queijos Minas Artesanais (QMA): Araxá, Campos das Vertentes, Cerrado, Mantiqueira de Minas, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Serras da Ibitipoca.
Minas também possui regiões produtoras de Queijos Artesanais Mineiros (QAM) reconhecidas pelo IMA: Alagoa (Queijo Artesanal de Alagoa), Mantiqueira de Minas (Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas), Serra Geral, Vale do Jequitinhonha (Queijo cabacinha) e Vale do Suaçuí (Queijo Artesanal do Vale do Suaçuí).
Fonte: Secretaria de Turismo de Minas Gerais
Foto que abre a matéria do queijo artesanal, de Daniel Arantes