MAIS UMA VEZ PUDE EXERCITAR O APRENDIZADO EM UM CURSO SOBRE VIESES INCONSCIENTES, FACILITADO PELA MINHA CLIENTE A AMIGA MARI MARTINS. Digo que a experiência, ao mesmo tempo em que foi reveladora, valeu para legitimar a linha de trabalho que tenho seguido nos últimos anos.
Todos nós temos crenças automáticas, os vieses inconscientes, também conhecidos como preconceitos. Eles se originam da nossa criação, das experiências que colecionamos e, também, da cultura em que estamos inseridos.
Você acredita que existem mais de 150 tipos de vieses? A partir deles, fazemos julgamentos e tomamos decisões. Isso está intimamente relacionado ao impacto das primeiras impressões, assunto já comentado aqui nessa coluna.
Esses julgamentos ocorrem em um nível inconsciente, no lado mais primitivo do nosso cérebro, e são respostas rápidas relacionadas a questões de sobrevivência e de economia de energia.
Quando olho para tudo o que aplico no meu trabalho e somo ao conteúdo do curso, faz todo sentido. Pensando nisso, fiz uma correlação de dois dos principais vieses relacionados à aparência.
Viés de afinidade
Definição: quando valorizamos mais e avaliamos melhor aqueles que são parecidos. Ele dá direcionamento de atitudes e ações quando você se identifica com pessoas que têm características em comum com você.
Minha análise: quando estamos vestidos de uma forma “parecida” com o nosso interlocutor, isso tem um efeito positivo. Por isso, faz sentido estudar o meu público (cliente, entrevistador, fornecedor), pois assim posso adequar minha aparência para que, pelo menos, não destoe muito da dele. Isso vai criar maior afinidade, fato. Não estou dizendo aqui para alguém se fantasiar ou criar um personagem, o que seria uma manipulação. Falo de pequenos ajustes que podem ser feitos, respeitando nosso estilo e nossa essência.
Viés de percepção
Definição: acredita e reforça estereótipos sem base concreta de fatos.
Quando reforçamos estereótipos que são definidos por influência da sociedade ou cultura na qual estamos inseridos.
Minha análise: quando vamos em uma clínica ou hospital, esperamos encontrar um ambiente claro, bem iluminado e com muita assepsia, com profissionais vestidos de jalecos brancos. Se vamos a uma agência de publicidade, esperamos encontrar uma decoração moderna, criativa e profissionais vestidos de uma forma descolada e descontraída. Não é assim?
Os diferentes segmentos do mercado carregam consigo alguns símbolos ou códigos (para não chamar de estereótipos). Quando contrariamos esses códigos, causamos um ruído e podemos ter que fazer um esforço maior para nos comunicarmos sem essas inferências.
Antes de terminar, preciso lembrar de que isso não são regras. Não tem certo ou errado. Existe, sim, o que colabora com você ou o que te sabota. Depende dos seus objetivos. Isso tudo faz sentido para você?
Enquanto sigo essas lições na minha vida e as compartilho com muitas pessoas, mantenho a minha mente alerta aos julgamentos – ao menos depois que já os trouxe à consciência- para tentar fugir das armadilhas da estereotipagem. Procuro ampliar meu espectro convivendo com pessoas e situações diversas e, quando me vejo mexida por alguma imagem ou situação, tento me lembrar que, como diz Mari Martins, “o diferente nos incomoda”.
Karla Giacomet, consultora de Imagem
Publicado na Now Boarding – outubro/2019
Foto: Gerd Altmann/Pixabay