Repleta de belezas naturais e de locais que mudaram a história, além de ser berço de movimentos artísticos, a Itália é o país com o maior número de Patrimônios Mundiais da Humanidade reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A primazia foi ampliada com o tombamento dos “Ciclos de afrescos do século 14”, em Pádua; da estância termal de Montecatini Terme, na Toscana; e dos Pórticos de Bolonha.

Com isso, a Itália tem agora 58 locais reconhecidos pela Unesco, sendo 52 exclusivamente dentro de seu território e seis divididos com outros países europeus.

O primeiro local italiano tombado pela entidade foi a “Arte Rupestre do Vale Camonica”, em 1979. Localizado em Capo di Ponte, na região da Lombardia, o sítio tem uma das maiores coleções mundiais de petróglifos, com mais de 140 mil desenhos datados de 8 mil anos atrás.

Os “Sassi” e o Parque de Igrejas Rupestres de Matera. Foto: Anda/Ciro Fusco

No ano seguinte, entrou na lista um local que abriga uma das obras primas de Leonardo da Vinci: a Igreja e Convento Santa Maria delle Grazie, em Milão, lar da “Última Ceia”, a célebre pintura do gênio renascentista retratando o jantar de Jesus com seus Apóstolos.

Ainda em 1980, outro ícone da Itália recebeu o reconhecimento: o centro histórico de Roma e as propriedades da Santa Sé. Antiga capital do poderoso Império Romano, a “cidade eterna” é repleta de construções históricas que sobreviveram ao longo dos milênios, sendo uma importante referência política, cultural, arqueológica e social até os dias atuais.

Além de Roma, a Itália tem outros sete centros históricos tombados como Patrimônios da Humanidade: Florença, San Gimignano, Nápoles, Vicenza, Siena, Pienza e Urbino.

Ferrara, a Cidade do Renascimento. Foto: Ansa

A Unesco também já reconheceu cidades inteiras, como Veneza, inserida na lista em 1987 e que recentemente escapou de ser incluída em uma relação de sítios em risco. A questão envolvendo a capital do Vêneto já se arrasta há vários anos, especialmente por conta da fragilidade do ecossistema lagunar perante a passagem de navios de grande porte, como os de cruzeiro, e o turismo de massa.

Após uma série de projetos que não vingaram, o governo italiano proibiu a passagem de grandes embarcações pelo centro histórico de Veneza e determinou a transferência desses navios para um porto comercial em Marghera, na parte continental da cidade. A solução definitiva será escolhida por meio de um concurso internacional, mas a remoção provisória dos grandes navios evitou a inclusão do patrimônio na “lista vermelha” da Unesco.

Também são tombadas pela entidade as cidades de Ferrara, Assis, incluindo a Basílica de São Francisco, Verona, Mântua e Sabioneta, Vicenza e Siracusa. Ainda valem destaque as “Cidades do Barroco Tardio no Vale di Noto”, que incluem Caltagirone, Militello in Val di Catania, Catânia, Modica, Noto, Palazzolo, Ragusa e Scicli.

Catedral, torre cívica e Piazza Grande de Modena. Foto: Ansa/Elisabetta Baracchi

Arqueologia

Ainda no aspecto histórico, a Itália tem monumentos e sítios arqueológicos que ajudam a contar a trajetória da humanidade.

Um deles são os “Sassi e o Parque de Igrejas Rupestres”, localizados em Matera. Para a Unesco, a localidade é “o exemplo intacto mais notável de um assentamento troglodita na região do Mediterrâneo”, sendo que as primeiras habitações datam do período Paleolítico (encerrado 10 mil anos a.C.).

Já os “Primeiros Monumentos Cristãos” de Ravenna, edificados entre os séculos 5 e 6 d.C., entraram na lista em 1996 e incluem oito construções religiosas que mostram toda a tradição greco-romana na arquitetura e nas artes.

Centro histórico de Florença. Foto: Ansa/Claudio Giovannini

Pouco conhecida, a estrutura de defesa Su Nuraxi, em Barumini, foi construída na Idade do Bronze e não tem nenhum paralelo no mundo. Ainda na arqueologia, a Unesco tombou os sítios de Agrigento, Aquileia e as “Necrópoles Etruscas” de Cerveteri e Tarquinia, além dos “Lombardos na Itália”, um grupo de sete grandes construções feitas entre 774 a.C. e 568 a.C. Também são reconhecidas a Arte Normando-Arábica de Palermo e as catedrais de Cefalù e Monreale.

A lista também conta com pesos pesados, como os sítios arqueológicos de Pompeia, Herculano e Torre Anunziata (1997), que abrigam as ruínas de cidades destruídas por uma erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C. Os restos quase intactos de muitas estruturas começaram a ser redescobertos no século 18, e as escavações continuam até hoje.

Riquezas naturais e prédios históricos

A beleza natural italiana também é reconhecida em grande escala pela Unesco. Do litoral ao interior do país, estão na lista, desde 1997, as belas praias da Costa Amalfitana e da cidade de Portovenere, Cinque Terre e das Ilhas Palmaria, Tino e Tinetto. Três anos depois, as Ilhas Eólias também foram reconhecidas. Já o Etna, vulcão mais ativo da Europa, entrou na classificação em 2013.

Além disso, a lista inclui Cilento e o Parque Nacional do Vale de Diano, com os sítios arqueológicos de Paestum e Velia e a Certosa de Padula; os “Montes Sacros” do Piemonte e da Lombardia; a cadeia montanhosa das Dolomitas; e o Vale d’Orcia e sua paisagem rural na província de Siena.

Igreja e Convento de Santa Maria com a Santa Ceia de Da Vinci. Foto: Ansa/Mourad Balti Touati

Voltando às grandes obras feitas pelo homem, há uma série de casas, castelos e fortificações tombadas por conta de seu valor histórico ou arquitetônico, como a Praça do Domo de Pisa; o bairro de Crespi d’Adda, em Capriate San Gervasio; os famosos “Trulli” de Alberobello, icônicas casas brancas com telhados em forma de cone; o Castel del Monte, em Andria; o Jardim Botânico de Pádua; a Catedral, a Torre Cívica e a Piazza Grande de Modena; e a cidade industrial de Ivrea.

A Vila Romana del Casale, em Piazza Armerina, e as Vilas Adriana e d’Este, ambas em Tivoli, foram incluídas por conta de sua singularidade histórica. Duas poderosas famílias da história da Itália também estão representadas, com as Residências da Casa Real de Savoia, no Piemonte, e as Vilas e Jardins dos Médici, na Toscana.

Outra grande construção fica em Caserta: o Palácio Real, construído no século 18, com o Parque, o Aqueduto de Vanvitelli e o Complexo de San Leucio.

Em Gênova, o destaque fica por conta das “Estradas Novas e o sistema do Palácio dei Rolli”, considerados pela Unesco como o “primeiro exemplo na Europa de um projeto urbano desenvolvido”.

Os dois últimos locais que ficam exclusivamente na Itália têm a ver com um dos símbolos do país: o vinho. Em 2014, sob o título de “Paisagens dos Vinhedos do Piemonte”, cinco regiões viticultoras foram reconhecidas pela Unesco, que, em 2019, também tombou as “As Colinas do Prosecco”, no Vêneto.

Parceria com outros países

Além dos patrimônios localizados apenas em seu território, a Itália ainda divide alguns reconhecimentos com outras nações.

O primeiro deles, tombado em 2003, é o Monte San Giorgio, na fronteira com a Suíça. A Itália também divide com sua vizinha helvética a Ferrovia Rética, via férrea que cruza montanhas, lagos, vales e passos alpinos na fronteira entre os dois países.

Em 2007, a Unesco reconheceu como patrimônio “As Florestas Primárias de Faias dos Cárpatos e de outras regiões da Europa”, em um “prêmio” a 18 países do Velho Continente após três extensões de áreas.

Os Trulli de Alberobello. Foto: Ansa

As “Obras de Defesa de Veneza nos séculos 16 e 17” também entraram para a lista, contemplando um patrimônio que se estende entre Itália, Croácia e Montenegro, no Mar Adriático.

Os “Sítios Palafíticos pré-históricos ao redor dos Alpes” foram reconhecidos em 2011 e têm construções em seis países: Alemanha, Áustria, França, Eslovênia, Itália e Suíça.

Além da já citada Montecatini Terme, a lista de “Grandes cidades termais da Europa” inclui 11 locais em outros seis países: Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Reino Unido e República Tcheca.

Fonte: Ansa

 

 

 

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