Testamos o recém lançado Nissan Kicks 2022 na versão Exclusive em sua controversa cor Azul Elétrico. Equipado com o “pack-tech”, couro bi-tone cinza e preto, totalizar R$ 129.040.
Desde seu lançamento em 2016 estas foram as mudanças mais profundas e significativas que o carro já recebeu. Na carroceria a frente é toda nova e sua enorme grade tem até nome: V-Motion 2.0; novos faróis em led e para-choque completam o conjunto dianteiro. Na traseira recebeu uma faixa acrílica sem iluminação que une as lanternas metade led e metade convencional. O para-brisa ficou mais espesso e segundo a fábrica, houve uma redução de 30% no nível de ruído interno, que confirmamos em nosso teste. Poderiam, no entanto, aproveitar para colocar uma faixa degrade, item de conforto essencial, de baixo custo e continuamente ignorado por algumas montadoras.
Esta versão tem muitas das atuais inovações tecnológicas que auxiliam muito a condução, sendo tudo monitorado no painel multifuncional de 7’.
Entre eles estão o alerta de mudança de faixa, que faz o volante vibrar suavemente, caso você avance outra faixa sem dar sinal; sensor de ponto cego em cada retrovisor, com controle de luminosidade; alerta sonoro de tráfego cruzado ao dar a ré; alerta de colisão frontal que atua na frenagem, se necessário; faróis automáticos com luz alta inteligente que muda o faixo ao perceber outro veículo; controle de chassis e carroceria que atuam nas curvas e em vias acidentadas visando segurança e conforto. O espelho retrovisor fotocrômico é de série nesta versão.
Falta o piloto automático adaptativo (ACC) que completaria com louvor seus equipamentos e o colocaria em um melhor nível na árdua concorrência.
Não houve alteração na parte mecânica, permanecendo o seu tradicional 1,6L, CVVTCS, Flex de 114 cv e 15,5 kgfm de torque com transmissão XTRONIC CVT® com função “Sport”. Deveria obrigatoriamente vir com protetor de cárter pois o motor fica susceptível a pedras no caminho.
Para acompanhar o mercado atual e justificar o preço cobrado, mereceria um motor turbo e freios a disco nas quatro rodas.
Tudo indica que um Kicks híbrido chegará em breve em terras brasileiras. Isso vai compensar o desempenho modesto e a baixa autonomia, devido ao tanque de apenas 41 litros.
No interior, permanecem os excelentes e confortáveis bancos com espuma “Zero Gravity” revestidos em couro, ar-condicionado digital de uma zona sem saída para o banco traseiro, uma atualizada central multimídia com tela de 8’, antena tubarão, portas usb e usb-c no console e alguns botões físicos. E para os audiófilos uma boa surpresa: um par de alto falantes Bose instalados no apoio de cabeça do motorista. Seria de bom tom e mais democrático, se houvesse também um par no banco do passageiro.
O motorista finalmente ganhou um descansa braço, mas em vez de ser fixado no próprio banco é fixo no console central, passando sensação de fragilidade.
Todas estas modificações tornaram sua condução mais prazerosa tanto na cidade quanto na estrada, que aliado ao bom porta-malas de 432 l e ao espaço interno, ainda cativa uma boa legião de consumidores, cabendo somente a eles pedir melhorias ou acatar, pagando caro, passivos e calados o que as montadoras entregam.
Neste teste rodamos 363 km e obtivemos as seguintes médias, abastecido com etanol: cidade 6,65 hm/l e estrada 11,4 km/l. O veículo foi cedido pela fábrica.
Texto e fotos: Carlos Fernando Schrappe Borges