A cultura dos índios Kaingang ganha um espaço para sua preservação. Em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, está o Museu Multimídia Kaingang que tem o objetivo de proteger o patrimônio imaterial da comunidade e divulgar sua história.

O Museu é online e com acesso totalmente gratuito. “Pensamos em um museu online, democrático, que possa ser acessado por pessoas de qualquer lugar no mundo, para que conheçam essas histórias, e a diversidade cultural da nossa região, para que ela se dissemine, se difunda”, explica a fotojornalista e pesquisadora do projeto, Sirli Freitas.

Clicando neste link o público irá encontrar fotos e áudios de histórias contadas por indígenas kaingangs moradores da Terra Indígena Toldo Chimbangue, em Chapecó. O conteúdo traz dez temáticas como saúde e saberes de cura, o parto, lideranças femininas, lugares sagrados – incluindo no território urbano, a história do Índio Condá, arte e cosmologia kaingang. Mesmo sendo distintas em suas temáticas, todas elas trazem um ponto em comum: nenhuma está nos livros didáticos que contam a história de Chapecó, do Estado ou do país.

Foto: Sirli Freitas

“Eu acredito ser imprescindível e urgente que a nossa história possa ser contada pelos povos originários, por quem já estava aqui desde antes da chegada do colonizador. Então o projeto dá a oportunidade para olhar desse ponto de vista. Conhecemos a nossa história a partir do que nos é ensinado pelos livros na escola, mas eles não trazem o ponto de vista dos povos indígenas. Precisamos que ela seja recontada por quem veio antes, para que possamos realmente conhecê-la”, enfatiza Sirli.

Projeto Origens

O Museu integra o Projeto Origens, desenvolvido durante dois anos na comunidade indígena do Toldo Chimbangue.

Durante esse tempo, uma equipe de pesquisadores, jornalistas e produtores culturais, orientados de maneira pedagógica, popular e antropológica por lideranças e professores indígenas, mergulharam nessas histórias, vivenciaram a comunidade e registraram suas memórias.

A ação traz como ponto principal a oralidade como elemento fundamental para a construção do trabalho e a imagem como forma de ressignificar a iconografia dessa memória.

Foto: Sirli Freitas

De acordo com Jandir Santin, produtor executivo, o projeto nasceu de um grande sonho e fica disponível por tempo indeterminado. “Ao longo desse percurso, de pesquisa e criação, desenvolvemos um projeto onde tivemos oportunidade de desenvolver oficinas com estudantes e professores da Escola Fen`nó, onde ensinamos e repassamos elementos técnicos do audiovisual, trabalhamos o processo de inclusão digital na comunidade, para que eles possam ter conhecimento técnico e autonomia para contar e salvaguardar as suas histórias. A ideia é que a geração de conteúdo disponível no Museu fique aberta à comunidade Kaingang para que eles tenham voz e canais de comunicação para contar as suas próprias histórias”, finaliza Santin.

O projeto do Museu foi contemplado pelo edital do governo de Santa Catarina através da Fundação Catarinense de Cultura.

Camila Almeida, Girassol Cultural

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