A queda na atividade turística também afetou as comunidades indígenas. A Rede Observatório de Turismo da Universidade do Amazonas, em parceria com a Amazonastur, registrou uma queda de 66% no faturamento do setor no Estado. Este número refletiu na visitação das unidades de conservação e terras indígenas, as Áreas Protegidas, que com a receita dos turistas conseguem fazer ações de apoio a conservação e proteção da natureza.
Na Amazônia, muitas comunidades dentro de Áreas Protegidas vêm se organizando há décadas para se inserirem na atividade turística de forma mais ativa. Essa luta foi e ainda é árdua, mas para algumas comunidades já é uma realidade, coo é o caso da Comunidade Nova Esperança, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, no município de Manaus.
“As famílias da comunidade da etnia Baré receberam apoios da gestão da reserva e do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) para estruturar a cadeia de valor do turismo comunitário e a revitalização da cultura Baré. As famílias da comunidade passaram por um processo de planejamento, formação profissional para boas práticas e a elaboração de plano de negócios, elaborado de forma participativa e dentro da realidade da comunidade. Fortalecendo assim, tanto a gestão da reserva como a construção colaborativa entre comunidade-sociedade civil- operadoras de turismo”, diz Nailza Porto, coordenadora dos projetos do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) que apoiaram essa comunidade de 2009 a 2016 na formatação do Roteiro Tucorin- Turismo Comunitário no Rio Negro.
Com a pandemia, a visitação na cidade de Manaus ficou comprometida. E não foi diferente na comunidade de Nova Esperança, que recebia visitantes nacionais e internacionais com objetivo de ter uma experiência genuína numa comunidade da etnia Baré. Na visita, era possível participar ativamente das atividades cotidianas das famílias pertencentes à comunidade, além da oportunidade de adquirir os produtos artesanais de alta qualidade feitos pelos artesãos.
Visitas virtuais
Adaptando-se à nova realidade do turismo, a comunidade Nova Esperança passou a receber visitantes virtuais. “A partir do momento em que os turistas não puderam mais chegar aqui, a geração de renda da comunidade foi prejudicada. 2020 foi uma época de reflexão. Não sabíamos como enfrentar isso, era algo novo para o nosso povo. E mesmo com essas dificuldades, foi o momento de termos novas ideias num processo de construção coletiva. Aí pensamos em realizar o turismo de forma virtual”, diz Joarlisson Garrido, da etnia Baré e líder do grupo de turismo de base comunitária e de artesãos da comunidade Nova
Viagem on-line
Garrido conta que fizeram uma parceria com a agência de turismo Braziliando, que apoiou na formação e orientação para o manuseio do aplicativo e da plataforma para conectar, transmitir e interagir em tempo real. Nasceu então a viagem on-line Conexão Baré. “A partir daí, foi um efeito cascata para o turismo e, consequentemente, para a venda do artesanato que ficou mais conhecido por meio da vivência Baré. “Mesmo com todos os desafios da pandemia na saúde, na educação e na economia, o Baré estava on-line. Hoje trabalhamos essa iniciativa que a cada dia nos traz mais aprendizado e tem impactado na receita da comunidade. É importante compartilhar, é possível fazer o turismo de forma virtual no meio da floresta, desenvolver, inovar e de fato concretizar a sustentabilidade para os povos que vivem na floresta”, afirma o líder.
Ana Taranto, sócia fundadora da Braziliando afirma que a Conexão Baré foi a forma encontrada de seguir apoiando os parceiros indígenas de Nova Esperança na pandemia. “Esta alternativa possibilita a participação de quem não consegue realizar a viagem presencialmente, como pessoas com restrições financeiras ou cadeirantes. E, ainda, tem o potencial de levar a cultura Baré para outros países e para instituições de ensino”, diz Ana Taranto.
Amantes da natureza
As primeiras vivências aconteceram no ano passado. Atualmente tem atraído um público que ama a natureza e a cultura Amazônica. As viagens virtuais acontecem da seguinte forma: dias antes do embarque, o visitante recebe materiais de imersão da cultura local a fim de preparar para a viagem. No dia marcado, o viajante entra na plataforma de videoconferência, se apresenta e aí a viagem começa. Na experiência, há um sobrevoo pela floresta, um passeio por Manaus e daí segue para navegar pelos rios Negro e Cuieiras até se conectarem com os anfitriões. A viagem dura cerca de 2h30 e custa R$ 120 por pessoa e pode ser feita clicando aqui.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Foto: Acervo Agência Braziliando