Há quase quatro décadas ocorre o maior evento de hotelaria de Santa Catarina, o Encatho & Exprotel, que chegou a sua 35ª edição no final de julho, em Florianópolis, a capital de Santa Catarina. O evento surgiu para preparar a mão de obra e os hotéis para a temporada de verão e, por isso, ocorre no meio do ano. Passado todo esse tempo, até hoje a questão chave do evento está mantida, que é a preparação da mão-de-obra hoteleira.

“Nós estamos aqui para possibilitar a melhoria dos negócios, para compartilhar problemas e soluções”, disse Rui Schürmann, diretor-presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira de Santa Catarina (ABIH-SC), organizadora do evento, na solenidade de abertura. Mas foi a secretária de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis, Zena Becker, quem reforçou que o grande desafio para a Hotelaria e para o Turismo do Estado é a mão-de-obra: “A capacitação precisa melhorar muito no turismo”, falou taxativa.

O tema é importante. Por isso, a organização do evento abre espaço para o Simpósio de Governança, Manutenção e Recepção Hoteleira, que chegou a sua 14ª edição em 2024, como evento paralelo ao Encatho.

HOTELARIA: Wirto Schaeffer e a hotelaria de Santa Catarina

Novo perfil da Governança Hoteleira

Para a consultora empresarial Carla Trindade, painelista do 14º Simpósio de Governança, Manutenção e Recepção Hoteleira, o perfil da Governança mudou muito na última década. “A governanta tornou-se uma gestora, que planeja, compra e tem uma relação bem legal com a manutenção. Porém, como esse setor não transita pelas áreas do hotel, a gestão é isolada e a atividade das camareiras também”, diz Carla.

Carla Trindade

Carla Trindade. Foto: Gisele Passos

A consultora conta que essa característica do setor faz com que a governanta tome decisões que não consideram o todo. E o certo, segundo ela, é trabalhar em sintonia com os demais setores. Outro aspecto levantado por Carla é a dificuldade das camareiras em acompanharem as novidades e absorverem as inovações em sua rotina. “As mais velhas têm mais resistência a novos produtos, acessórios e equipamentos que agilizam o trabalho delas. As mais novas, por outro lado, não têm o mesmo comprometimento que as mais velhas”, diz Carla, apontando a capacitação rotineira como chave para a gestão desta mão de obra crucial para o segmento.

Hotelaria exige, mas também acolhe

O problema da mão de obra também é sentido pelos hotéis. Falta pessoal para os trabalhos de governança, recepção e cozinha e, quando há profissionais com vontade de trabalhar, falta capacitação. “Hoje, são os próprios hotéis que se encarregam da formação de seus profissionais”, diz o diretor regional da ABIH-SC, Carlos Roberto Klaus, reforçando que a hotelaria é um mercado de trabalho muito seletivo. “Quando o trabalhador tem a possibilidade de trabalhar em horário comercial com duas folgas por semana, ele sai da hotelaria”, diz. Outro aspecto levantado por ele, que dificulta a abundância de força trabalhadora, são os benefícios governamentais que são usados por muitas pessoas como “muleta” e impedem ou atrasam a reintegração às atividades profissionais.

Carlos Roberto Klaus, que também é hoteleiro, finaliza com a valorização do ambiente de trabalho da hotelaria, que é harmonioso e interessante, com grandes oportunidades de crescimento na carreira para quem deseja prosperar e busca o aprimoramento de seu perfil profissional.

Carlos Klaus

Carlos Klaus. Foto: Gisele Passos

O Encatho/Exprotel é um evento organizado pela ABIH-SC, que reúne empresários, fornecedores, agências de viagens, operadores turísticos, entidades de classe, órgãos governamentais, imprensa especializada e a comunidade acadêmica.

Gisele Passos, jornalista associada a Abrajet-PR, viajou ao evento a convite da ABIH-SC.

Comentários

Leave A Comment