Mais conhecido como autor de um livro de filosofia provocador, Crítica da razão tupiniquim, e como romancista (Alegres memórias de um cadáver, Os dias do demônio, Todas as casas, Júlia e O conhecimento de Anatol Kraft), Roberto Gomes iniciou sua trajetória através do conto.
Em 1977, momento em que o gênero apresentava verdadeira explosão na literatura brasileira, participou do Concurso Unibanco de Literatura, um dos mais importantes já realizados no país. Entre 13 mil contos inscritos, 10 foram premiados, entre eles Sabrina de trotoar e de tacape, título da coletânea que publicou em 1981. No ano seguinte, ganhou o prêmio Jabuti, um dos mais importantes do país, como revelação de autor de obras infanto-juvenis.
O novo livro de Roberto Gomes, A guitarra de Jimi Hendrix, tem 15 histórias de rara intensidade.
Nelas encontramos um violino que inventa destinos, uma audição de piano em pleno campo de batalha e uma moça que não vale nada. Uma ilha povoada de mentiras e fantasias, um criador de falsas invencionices e a agonia de um almirante entre o som e a fúria. Além do deputado que, dizem, foi um jovem idealista e da vovó que fazia quitutes e cultivava um amante. Ao final, com a estridência de Jimi Hendrix, a guitarra que a tudo explica ou não.
Destaque-se a diversidade de temas, os personagens marcantes e as experiências com diferentes modos de narrar. Ao lado da questão do poder e da violência, relações afetivas marcadas por intensa sensualidade, temperadas por um humor refinado, fazem da leitura desses contos uma experiência única, profundamente prazerosa. Criar Edições, 150 páginas, R$ 25,00.
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Publicado no Aeroporto Jornal – abril/2015