Pelo caminho aberto, nos tempos do Brasil Colônia, para levar ouro e diamante de Minas Gerais a Paraty, cidade ao sul do Rio de Janeiro, e dali a Portugal, existem, hoje, outras riquezas. Viajantes e aventureiros que percorrem seus 1.630 km, divididos entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, encontram história, arte, natureza, aventura, gastronomia e a hospitalidade do povo mineiro na Estrada Real.

Há diversas maneiras de o turista brasileiro ou estrangeiro conhecer cidades históricas como Ouro Preto, Mariana, Diamantina, Tiradentes, São João Del-Rei, em Minas Gerais, e Paraty, no Rio de Janeiro. Para quem se interessa por aventura e natureza, o destino são as áreas preservadas das Serras do Cipó e da Mantiqueira, com seus rios, cachoeiras e montanhas exuberantes. Quem gosta de arte deve separar pelo menos dois dias para visitar o Museu de Arte Contemporânea do Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Lá, no terreno de uma antiga fazenda, com jardins criados por Burle Marx, estão expostas obras de renomados artistas nacionais e internacionais, como Tunga e Adriana Varejão.

A Estrada Real nos oferece a possibilidade de visitar e conhecer a origem e o desenvolvimento de parte importante da história do Brasil. Ao longo dos caminhos e cidades centenárias, um rico patrimônio narra essa trajetória sem precedentes no território nacional. Os mais representativos monumentos brasileiros em estilo barroco, vários deles reconhecidos como Patrimônio Mundial, estão situados ao longo desses caminhos, ricamente ilustrados pelas manifestações populares, fazeres e saberes da gente mineira.

Hoje, a Estrada Real passa por 199 municípios (169 em Minas Gerais, 22 em São Paulo e nove no Rio de Janeiro) e tem 1,6 mil km de extensão e mais de 80 mil km² de área de influência. É formada por quatro caminhos, abertos oficialmente pela Coroa Portuguesa.

Caminho Velho

Do mar às minas, soma 630 km. Saindo de Paraty, passa pela Serra da Mantiqueira, pelo Circuito das Águas, por antigas vilas transformadas em cidades de médio porte e grande potencial turístico. A parada final é em Ouro Preto, ponto central da Estrada Real.

O Caminho Velho foi a primeira via aberta oficialmente pela Coroa Portuguesa para o tráfego entre o Litoral fluminense e a região mineradora. A notícia da riqueza das minas fez com que fosse decretado como legal somente o Caminho Velho, instituindo crime de lesa-majestade quem adentrasse o interior do país sem passar pelos registros de fiscalização e controle.

Caminho Novo

Os 515 km do Caminho Novo são os mais jovens da Estrada Real. Sua criação ocorreu em 1698, mas foi entre 1722 e 1725 que a rota estava finalmente definida. De Ouro Preto ao Rio de Janeiro, liga Minas Gerais ao mar da capital fluminense. Hoje, repleto de atrativos turísticos, guarda dezenas de vestígios da época mineradora, um verdadeiro convite para o viajante.

Aberto para ser alternativa ao Caminho Velho, devido a necessidade de recebimento de mais trabalhadores e equipamentos e do escoamento da crescente produção de ouro e diamantes, o Caminho Novo guarda para os turistas uma série de elementos da época das bandeiras e das primeiras explorações do território. São túneis, chafarizes e fazendas, algumas hoje transformadas em confortáveis meios de hospedagem, que resgatam construções e costumes dos séculos XVIII e XIX.

A Inconfidência Mineira é a principal marca histórica de uma série de municípios do Caminho Novo. As dificuldades, lutas e ideais defendidos pelos inconfidentes estão até hoje marcados em locais como Conselheiro Lafaiete e Ouro Branco, em Minas Gerais, e Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro, que guarda o Museu de Tiradentes.

Caminho dos Diamantes

O Caminho dos Diamantes tem cerca de 350 km e liga Diamantina a Ouro Preto. Passou a ter grande importância a partir de 1729, quando as pedras preciosas de Diamantina ganharam destaque nas economias brasileira e portuguesa.

Além da história de seus municípios, da cultura latente e da gastronomia típica, o Caminho dos Diamantes destaca-se pela beleza natural. Abriga o Parque Nacional da Serra do Cipó – trecho da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço – e suas cachoeiras, paredões e serras, que permitem atividades como canoagem, rafting, mountain bike, cavalgadas, escaladas e, claro, boas viagens de carro por estradas de terra, entre pequenas cidades e vilarejos, ricos em fauna e flora.

Seu entorno conta, ainda, com outras sete unidades de conservação. São os Parques Estaduais do Rio Preto, de Biribiri, do Itambé, da Serra da Candonga, da Serra do Rola-Moça e do Itacolomi, além do Parque Nacional das Sempre-Vivas. A paisagem do Cerrado, que marca toda a região, mescla vegetação de campos de altitude com zonas de transição para Mata Atlântica.

Próximo ao Caminho dos Diamantes, no município de Confins, está o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, importante elo entre cidades do Sudeste brasileiro com diversas regiões do mundo.

Caminho de Sabarabuçu

O Caminho de Sabarabuçu foi criado como uma rota alternativa entre o Caminho dos Diamantes e a cidade de Ouro Preto. Seus 160 km conectam os distritos de Cocais (Barão de Cocais) e de Glaura (Ouro Preto).

A curta distância é suficiente para abrigar lugares com muita história para contar. Há cerca de trezentos anos, as serras íngremes do trecho, cortadas por cursos d’água como o rio das Velhas, eram vistas como verdadeiros tesouros, onde seria possível achar ouro e outros metais preciosos. Essa crença devia-se ao brilho que a atual Serra da Piedade (antigo Pico de Sabarabuçu) tem. O que os bandeirantes imaginavam ser ouro é, na verdade, o minério de ferro do topo da montanha, que reflete a luz do Sol.

O caminho segue margeando o rio das Velhas e tem a Serra da Piedade, do alto dos seus 1.762 metros, como um dos atrativos. Além da mítica história da serra que reluz, servia também como referência de localização para a chegada às minas a partir de Raposos, Sabará e Caeté.

Trabalhando pelo turismo na Estrada Real

A criação do Instituto Estrada Real (IER) é a rota indicada pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) para que 199 municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo possam trilhar os caminhos do desenvolvimento sustentável através do turismo. A iniciativa pioneira, de 1999, colhe frutos, reconhecimento e, claro, parceiros. Com ações conjuntas e focadas no associativismo, o IER conta hoje com o apoio do governo de Minas Gerais, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Sebrae-MG e de inúmeros outras entidades que atuam juntas pelo destino histórico. Uma parceria público-privada com resultados efetivos.

Para isso, foi necessário envolver as comunidades de todos os 199 municípios. Começando pela difusão da marca Estrada Real, as ações passam pela sinalização e roteirização de todo o trajeto, com a instalação de cerca de dois mil marcos no eixo principal, centenas de placas rodoviárias e confecção de guias turísticos impressos, planilhas online e pela sensibilização da população e dos empresários ao longo da área de abrangência da rota histórica.

Publicado no Aeroporto Jornal – novembro/2013

Estrada Real, journey through the Past

On the open road, in the times of Colonial Brazil, to take gold and diamonds in Minas Gerais to Paraty, a city south of Rio de Janeiro, and thence to Portugal, there are now other riches. Travelers and adventurers who cover its 1630 km, divided among Minas Gerais, Rio de Janeiro and São Paulo , find history, art , nature , adventure , cuisine and hospitality of the people of Minas Gerais.

There are several ways to Brazilian and foreign tourist to know the historical cities like Ouro Preto , Mariana, Diamantina, Tiradentes, São João Del Rei, Minas Gerais, and Paraty, in Rio de Janeiro. For those interested in adventure and nature, the destination are the preserved areas of the Serra do Cipo and Mantiqueira, with its rivers, waterfalls and lush mountains. The ones who love art must separate at least two days to visit the Inhotim Museum of Contemporary Art in Brumadinho, Minas Gerais. There, on the ground of an old farmhouse with gardens designed by Burle Marx, are exhibited works of renowned national and international artists, as Tunga and Adriana Varejao.

Today, the Royal Road covers 199 municipalities (169 in Minas Gerais, 22 in São Paulo and 9 in Rio de Janeiro) with 1600 kilometers long and more than 80,000 km ² area of influence. It consists of four paths, officially opened by the Portuguese Crown.

Old Way

From sea to the mines, a total of 630 km. Leaving Paraty, it passes through the Serra da Mantiqueira, the Water Circuit, by ancient villages transformed into medium-sized cities and great tourism potential. The final stop is in Ouro Preto, the central point of the Royal Road.

The Old Way was the first track officially opened by the Portuguese Crown for traffic between the coast of Rio de Janeiro and mining region. The news of the wealth of the mines made it decreed as lawful only the Old Way, establishing crime of lese majeste who enters to the interior of the country without going through the records of supervision and control.

New Way

The New Way’s 515 km are the youngest of the Royal Road. It was created in 1698, but it was between 1722 and 1725 that the route was finally defined. From Ouro Preto to Rio de Janeiro, it connects Minas Gerais to the sea of the state capital. Today, full of tourist attractions, it keeps dozens of traces of mining era, a true invitation to the traveler.

Open to be alternative to Old Way, due to the need of receiving more workers and equipment and the disposal of the growing production of gold and diamonds, the New Way preserves for tourists a number of elements from the flags period and the first explorations of the territory. Tunnels, fountains and farms, some now converted into comfortable lodging facilities in buildings and customs of the eighteenth and nineteenth centuries. The Minas Conspiracy is a major historic achievement for a number of municipalities in the New Way. The difficulties, struggles and ideals espoused by the conspirators are marked today in places like Conselheiro Lafaiete, and Ouro Branco in Minas Gerais, and Inconfidência, District of Paraíba do Sul, in Rio de Janeiro, which holds the Museum of Tiradentes.

Path of Diamonds

The Path of Diamonds is about 350 km long and connects Diamantina to Ouro Preto. It came to have great importance since 1729, when the Diamantina gems gained prominence in Brazilian and Portuguese economies.

Besides the history of its cities, latent culture and the typical cuisine, the Way of Diamonds stands out for its natural beauty. It houses the National Park of Serra do Cipo – excerpt of the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve – and its waterfalls, cliffs and mountains that allow activities such as kayaking, rafting, mountain biking, horseback riding, hiking and of course  good for car trips on dirt roads between small towns and villages, rich in flora and fauna.

The surroundings also counts with seven other conservation units. The State Parks of the Rio Preto, the Biribiri, Itambé, Serra da Candonga, Serra do Rola-Moça and Itacolumi and also the Sempre Vivas National Park. The landscape of the Cerrado, which marks the whole region, combines the high fields vegetation with transition areas to the Atlantic Forest.

Next to the Diamond Way, in the city of Confins, is the Tancredo Neves International Airport, an important link between the Southeast Brazilian cities with different regions of the world.

Sabarabuçu Path

The Path Sabarabuçu was created as an alternative route between the Diamond Way and the city of Ouro Preto. Its 160 km connect the districts Cocais (Barão de Cocais) and Glaura (Ouro Preto).

The short distance is enough to house places with many stories to tell. About three hundred years ago, the mountains steep, cut by streams as the Rio das Velhas, were seen as treasures, where you could find gold and other precious metals. This belief was due to the brightness that the current Serra da Piedade (formerly Peak Sabarabuçu) has. What the pioneers thought was gold is actually iron ore from the mountain top, reflecting the sunlight.

The path follows along the Rio das Velhas having the Serra da Piedade, from the top of its 1762 meters, one of the attractions. Apart from the mythical story of the mountain that glints, it also served as a location reference for the mines arrival from Raposos, Sabara and Caeté.

Estrada Real, viaje por el pasado

En el camino abierto, en los días de la Colonia Brasil, para llevar oro y diamantes de Minas Gerais a Paraty, una ciudad al sur de Río de Janeiro, y de allí a Portugal, ahora hay otras riquezas. Viajeros y aventureros que recorren sus 1.630 km, divididos entre Minas Gerais, Río de Janeiro y São Paulo, encuentran historia, arte, naturaleza, aventura, gastronomía y la hospitalidad de los mineros.

Hay varias formas para que los turistas brasileños o extranjeros visiten ciudades históricas como Ouro Preto, Mariana, Diamantina, Tiradentes, São João Del-Rei, en Minas Gerais, y Paraty, en Río de Janeiro. Para los interesados ​​en la aventura y la naturaleza, el destino son las áreas conservadas de las Serras do Cipó y Mantiqueira, con sus ríos, cascadas y exuberantes montañas. Los amantes del arte deberían pasar al menos dos días para visitar el Museo de Arte Contemporáneo de Inhotim, en Brumadinho, Minas Gerais. Allí, en los terrenos de una antigua granja, con jardines creados por Burle Marx, se exhiben obras de reconocidos artistas nacionales e internacionales, como Tunga y Adriana Varejão.

Estrada Real nos ofrece la posibilidad de visitar y conocer el origen y desarrollo de una parte importante de la historia de Brasil. A lo largo de los caminos y ciudades centenarias, un rico patrimonio narra esta trayectoria sin precedentes en el territorio nacional. Los monumentos brasileños más representativos en estilo barroco, varios de ellos reconocidos como Patrimonio de la Humanidad, se ubican a lo largo de estos caminos, ricamente ilustrados por las manifestaciones populares, prácticas y saberes de los mineros.

Hoy, Estrada Real pasa por 199 municipios (169 en Minas Gerais, 22 en São Paulo y nueve en Río de Janeiro) y tiene 1.600 km de longitud y una superficie de más de 80.000 km². Está formado por cuatro caminos, oficialmente abiertos por la Corona portuguesa.

Camino Antiguo

Desde el mar hasta las minas, suma 630 km. Saliendo de Paraty, pasa por la Serra da Mantiqueira, por el Circuito das Águas, por antiguos pueblos transformados en ciudades medianas y de gran potencial turístico. La última parada es en Ouro Preto, punto central de Estrada Real.

Caminho Velho fue la primera carretera abierta oficialmente por la Corona portuguesa para el tráfico entre la costa de Río de Janeiro y la región minera. La noticia de la riqueza de las minas significó que solo se decretó como legal la Vía Vieja, instituyéndose el delito de lesión a todo aquel que ingresara al interior del país sin pasar por los registros de inspección y control.

Nueva forma

Los 515 km de Caminho Novo son los más jóvenes de Estrada Real. Su creación se produjo en 1698, pero fue entre 1722 y 1725 cuando finalmente se definió la ruta. De Ouro Preto a Río de Janeiro, conecta Minas Gerais con el mar de la capital de Río de Janeiro. Hoy, lleno de atractivos turísticos, guarda decenas de vestigios de la era minera, una verdadera invitación para el viajero.

Abierto a ser una alternativa al Caminho Velho, debido a la necesidad de recibir más trabajadores y equipos y al flujo de la creciente producción de oro y diamantes, Caminho Novo guarda para los turistas una serie de elementos de la época de las banderas y las primeras exploraciones. del territorio. Hay túneles, fuentes y granjas, algunas de las cuales ahora se han transformado en cómodas formas de alojamiento, que rescatan edificios y costumbres de los siglos XVIII y XIX.

Inconfidência Mineira es el principal hito histórico de varios municipios de Caminho Novo. Las dificultades, luchas e ideales defendidos por los inconfidentes siguen marcados hoy en lugares como Conselheiro Lafaiete y Ouro Branco, en Minas Gerais, e Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul, en Río de Janeiro, que alberga el Museo Tiradentes.

Ruta del diamante

El Caminho dos Diamantes tiene unos 350 km de largo y conecta Diamantina con Ouro Preto. Comenzó a tener una gran importancia a partir de 1729, cuando las piedras preciosas de Diamantina cobraron protagonismo en las economías brasileña y portuguesa.

Además de la historia de sus municipios, la cultura latente y la gastronomía típica, el Caminho dos Diamantes destaca por su belleza natural. Alberga el Parque Nacional Serra do Cipó – parte de la Reserva de la Biosfera Serra do Espinhaço – y sus cascadas, acantilados y montañas, que permiten actividades como piragüismo, rafting, bicicleta de montaña, paseos a caballo, escalada y, por supuesto, buenos viajes en coche. por caminos de terracería, entre pequeños pueblos y aldeas, ricos en fauna y flora.

Sus alrededores también cuentan con otras siete unidades de conservación. Estos son los Parques Estatales de Rio Preto, Biribiri, Itambé, Serra da Candonga, Serra do Rola-Moça e Itacolomi, además del Parque Nacional Semper-Vivas. El paisaje del Cerrado, que marca toda la región, mezcla vegetación de campos de altura con áreas de transición a la Mata Atlántica.

Cerca del Caminho dos Diamantes, en el municipio de Confins, se encuentra el Aeropuerto Internacional Tancredo Neves, un importante vínculo entre las ciudades del sureste de Brasil con diferentes regiones del mundo.

Sendero Sabarabuçu

El camino de Sabarabuçu fue creado como una ruta alternativa entre el Caminho dos Diamantes y la ciudad de Ouro Preto. Sus 160 km conectan los distritos de Cocais (Barão de Cocais) y Glaura (Ouro Preto).

La corta distancia es suficiente para albergar lugares con mucha historia que contar. Hace unos trescientos años, las empinadas colinas del tramo, cortadas por cursos de agua como el Rio das Velhas, eran vistas como verdaderos tesoros, donde sería posible encontrar oro y otros metales preciosos. Esta creencia se debió a la brillantez que tiene la actual Serra da Piedade (antes Pico de Sabarabuçu). Lo que los pioneros imaginaban que era oro es, de hecho, el mineral de hierro de la cima de la montaña, que refleja la luz del sol.

El camino continúa por el río Velhas y tiene la Serra da Piedade, desde lo alto de sus 1.762 metros, como uno de los atractivos. Además de la mítica historia de la reluciente cordillera, también sirvió como lugar de referencia para llegar a las minas de Raposos, Sabará y Caeté.

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