O Uruguai comemora hoje, 14 de abril, o Dia do Tannat, a casta emblema do país vizinho.

Vinda da França nos finais do século XIX por imigrantes vasco-franceses, ela é originária de Madiran – berço da Tannat – no Sul-Oeste da França, nas ladeiras baixas dos Pirineus, ali, pertinho da Espanha.

Atribui-se a Dom Pascual Harriague, ser o pai do Tannat no Uruguai. Ele trouxe umas podas da videira desde Entre Rios (do lado argentino em frente a Salto, região Noroeste do Uruguai, à beira do Rio Uruguai) e lá por 1870 começou fazer experimentos de enxertos da planta para sua adaptação ao terroir.

Seu nome deve-se à sua alta concentração de taninos na pele: é a casta que mais taninos têm, de todas as existentes no mundo. Isso é muito benéfico ao organismo, porque o Resveratrol é o antioxidante natural que contém esta uva e que traz tantas coisas boas à saúde, sempre que consumido um vinho com moderação.

A Tannat é uma uva tinta de pele grossa, que suporta muito bem os embates climáticos da região. Não foi fácil neste processo, já que aqui a umidade ambiente pode gerar doenças nos cachos, dependendo do clima e o ano.

No Uruguai, temos um clima com influência marítima na faixa Sul – onde estão localizados 80% dos vinhedos do país – que permite ser trabalhada excelentemente por vitivinicultores, em diferentes modalidades.

Desafio

Nos anos 1990, o Uruguai mudou o padrão de produção vitivinícola, priorizando a qualidade sobre a quantidade de litros para poder chegar a ser reconhecido mundialmente. Esta mudança de postura possibilitou que, hoje em dia, os Tannats uruguaios tenham se posicionado no mundo, recebendo medalhas em vários concursos concorrendo com os melhores vinhos de todas as partes, inclusive da França.

Assim, temos vinhos jovens, de mínima intervenção com leveduras indígenas, e vinhos encorpados e de guarda, com passagem por barricas francesas ou americanas. A variedade é ampla, e tem para todos os gostos!

Se você gosta de vinhos e quer se aproximar do Tannat – enquanto não podemos viajar – o ideal é começar por vinhos jovens e ir incrementando seu paladar aos poucos com outros mais encorpados e de guarda. Assim vai ter um leque de opções que lhe permitirão escolher o melhor de acordo com o seu paladar e à gastronomia que acompanhe a ocasião.

Bodega Pizzorno

Podemos recomendar especialmente os anos 2019 e especialmente o 2020 em vinhos jovens, que segundo as vinícolas, foi o melhor ano da história para os vinhos uruguaios.

Uma dica: reúna seus amigos ou a família – sempre que seja no lar e com os cuidados devidos nestes tempos – para fazer uma cata às cegas de Tannats diferentes do Uruguai. Tem vários e muitos bons no mercado. Basta embrulhar cada garrafa com uma sacola escura ou papel alumínio, e a brincadeira é adivinhar qual é o mais jovem, qual o maduro e qual o de barrica… topa o desafio?

TURISMO: Uruguai 5 estrelas

Vinhos que recomendo e que estão no mercado brasileiro:

Pisano RPF Tannat: um clássico que não falha nunca. Tipicidade “Pisano” que se sente em cada gole….

Garzón Tannat Reserva – Bodega Garzón: tecnologia top e mão do homem engarrafado num vinho de ótima qualidade.

Mayúsculas – Tannat Maceración Carbónica – Bodega Pizzorno: vinho jovem ao estilo da região do Beaujolais na França, adaptada ao Tannat. Novidade em Tannats jovens.

Reserva Tannat 2016 – Viña Progreso: Gabriel Pisano é o enólogo, sobrinho do Gustavo, da Pisano Wines. Traz no sangue essa paixão e aprendizado, com estilo próprio. Caráter num Tannat bem do Sul uruguaio.

Ysern Tannat – Bodega Cerro Chapeu: fica no Norte do Uruguai, na divisa com Rio Grande do Sul. Em solos arenosos com componente ferroso, nasce este vinho. Acidez e potência tânica equilibrados.

Saúde!

Mariella Volppe, na foto na matéria, atua há 29 anos Ministerio de Turismo do Uruguai na promoçāo do país em vários países, principalmente no Brasil, e é Sommelier Profissional desde 2020 formada pela Faculdade de Química. 

Foto que abre a matéria: Bodega Garzón

 

Comentários

Leave A Comment