Um boteco que se destaca pela gastronomia não é algo comum de se encontrar – sobretudo quando se fala de petiscos e porções. Mas é o caso do Boteco da Visconde, em Ponta Grossa, a 100 km de Curitiba. Já ganhou prêmios gastronômicos na cidade e não foi à toa: os petiscos são muito bem preparados e minuciosamente temperados. Aos sábados, serve feijoada no almoço.
O boteco tem magnetismo. Uma pessoalidade que é elementar ali. Mas nada de luxos, conforme determina a cultura boêmia. O bar ocupa o imóvel onde morava o proprietário com sua família. Atrás do balcão, encontra-se o próprio: Lucas. Foi ele quem remodelou e decorou o local. Transformou o antigo lar em bar. Tudo para receber a culinária cuidadosa que inspirou a criação do negócio.
Despropositadamente, o estilo kitsch tomou conta do lugar. Há um exagero lúdico de penduricalhos e objetos antigos (de artefatos de cozinha a secadores de cabelo). Cada item conta uma história, incita uma brincadeira ou remonta a uma paixão. Como é o caso do futebol, que marca presença na coleção de camisas e nas caricaturas dos ídolos da Seleção.
É um boteco organizado. Seguro para levar os filhos ou fazer encontros em família regados a chope bem gelado. Não é barulhento ou tumultuado. Também não tem música ao vivo, em respeito à vizinhança – mesmo motivo pelo qual fecha antes da meia-noite.
Muito além da batata frita – Gastronomia do Boteco da Visconde
Lucas tem intimidade com a culinária desde novo. Sua família teve um restaurante self-service em Ponta Grossa, onde trabalhou. Quando fechou, ele migrou a outra área de trabalho. Mas a missão gastronômica falou mais alto. Não teve jeito: em parceria com a esposa, abriram em 2010 um bar para focar em comida. O Boteco da Visconde foi se refinando ao longo do tempo até chegar na versão de hoje.
O cardápio é farto, com dezenas de opções de petiscos e porções. Uma delas é o Bolinho Caipira (R$ 30), carro-chefe da casa e preparado com carne suína. Foi premiado em 2011 na competição Comida de Boteco, da prefeitura de Ponta Grossa. Pelo mesmo preço, provei a porção de Quibe Frito (R$ 30). Bem temperado e de consistência firme. Não é um enroladinho de farinha, mas um petisco digno da culinária libanesa.
Para uma refeição, um prato com mais “sustância” é Escondidinho de carne seca e queijo (R$ 22). Finalizado no maçarico, o primeiro toque no paladar já faz salivar. É um prato cremoso, bem apresentado e saboroso. Bom para ajudar a digerir uma dose da cachaça orgânica feita ali mesmo, em Ponta Grossa. Uma sorte eu ter podido degustar esse néctar de alambique, porque o Lucas está tendo dificuldade para encontrar o produto para reposição.
Uma falha do cardápio é não contemplar pratos específicos para dietas veganas e vegetarianas. Claro, há as porções de batata frita, polenta, algumas conservas e opções com queijo (para quem não tem restrição).
Serviço – Boteco da Visconde
Endereço: Rua Visconde. de Sinimbú, 383 – Órfãs – Ponta Grossa/PR, Brasil
Funcionamento: terça a sexta das 18h às 23h30 | sábado das 11h30 às 23h30
@boteco_da_visconde_