A pandemia da Covid-19 retraiu as viagens aéreas. Somente agora, quase um ano e meio depois, as companhias aéreas estão sentindo que a procura de voos está aumentando. Dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf) mostram que no terceiro trimestre de 2020 teve um crescimento no acúmulo de milhas de 31,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, dos quais 97,2% foram acumulados em compras no varejo, na indústria e no uso dos cartões de crédito. Norton Reveno, fundador do sistema de educação financeira Milhas Lucrativas, assegura que “milha é dinheiro, você pode vendê-las, trocar por produtos, ingressos e, o mais óbvio de todos, por passagens aéreas”.
Muita gente tem milhas vencendo e não pode ou não quer viajar. O que é melhor a fazer: é possível negociar com a companhia aérea a extensão do prazo ou deve-se usá-las para comprar algum produto?
Norton Reveno – Sim é possível e muitas companhias aéreas estão permitindo a extensão da validade. Porém isso não deve durar mais muito tempo já que cada vez mais a vacinação avança e a volta da normalidade já é algo tangível num horizonte próximo. Usá-laspara trocar por produtos deve ser o último caso, algo como se elas estiverem próximas de vencer e não se conseguir prorrogar a validade. Aí seria melhor trocar por produtos que deixar expirar já que milhas valem dinheiro. Afirmo isso porque geralmente a quantidade de milhas exigidas para adquirir um determinado produto, caso fosse vendida essa quantidade em plataformas como Maxmilhas ou Hotmilhas, o valor recebido por essa venda normalmente é superior ao preço do produto adquirido em outra ou na mesma loja pagando em reais ao invés de milhas. Resumindo: normalmente você adquiria o produto e ainda sobraria uma grana caso optasse por vender suas milhas. Milhas muito próximas de expirar porém não são em geral compradas pelas plataformas, daí que se tiver uma situação onde por algum motivo como desatenção o indivíduo tenha milhas próximas de expirar, o melhor seria ir para o caminho dos produtos já que a venda seria mais difícil. A minha recomendação com as milhas é sempre voar ou vender.
Há muita dúvida se a venda de milhas é algo permitido pela lei brasileira e se é seguro. O que há de verdade nisso?
Norton – Sim é permitido pela legislação e também é seguro quando falamos de plataformas confiáveis como Maxmilhas ou Hotmilhas. O que acontece é que as companhias aéreas na verdade preferem que não a utilizemos, afinal ao emitir uma passagem com elas um assento na aeronave será ocupado, impossibilitando a venda deste assento e o aumento do lucro da companhia aérea. Milhas não são brindes. Você pode comprá-las e é seu direito decidir como usá-las. Tanto é que se fosse algo ilegal não existiram empresas como Maxmilhas ou Hotmilhas anunciando na tv em horário nobre ou mesmo nos principais aeroportos do país. Se de fato as companhias aéreas quisessem que você as utilizasse não colocariam empecilhos como validade das milhas por exemplo. Entretanto, algumas companhias aumentaram o prazo de validade das milhas. O TudoAzul, por exemplo, suspendeu a expiração até o final da pandemia, já na Smiles, a validade das milhas poderá ser estendida por um período de até 330 dias. Então, caso você tenha uma viagem que pode esperar mais um pouco, essa é a época ideal para se programar. Há passagens antecipadas com preços/milhas bem mais baratas.
Como é o mercado de venda? Uma milha tem um valor fixo?
Norton – Para explicar eu gosto de comparar milhas com o dólar. Existe uma taxa cruzada entre o Real e o Dólar e claro a conversão entre um e outro sofre variações. A mesma coisa ocorre com as milhas onde a precificação costuma ser com base no valor do milheiro.
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