Fazendo fronteira com Uruguai e Argentina, o Rio Grande do Sul viu com a pandemia da Covid-19 rarear a receita com os turistas destes dois países. Para demonstrar a força só da Argentina, em 2017, segundo o Anuário Estatístico de Turismo, do Observatório de Turismo do Rio Grande do Sul, o Estado recebeu 1.270.618 turistas estrangeiros, sendo 1.021.063 só argentinos. A Now Boarding entrevistou o secretário de Turismo, Rodrigo Lorenzoni, que informou que só entre março e setembro o Rio Grande do Sul perdeu cerca de R$ 12 bilhões de receita com o turismo. Secretário destaca a conquista do selo Safe Travels.

Que tipos de ações o governo e a Secretaria de Turismo fizeram para minimizar o impacto da Covid-19 na indústria do turismo?

Rodrigo Lorenzoni, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo – Inicialmente, oferecemos mais de R$ 160 milhões em linhas de crédito para as empresas do segmento através do Fungetur, Badesul e BRDE. Paralelo a isso, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo apoiou entidades empresariais e representantes do trade turístico na elaboração dos protocolos sanitários para organizar a reabertura dos serviços, bem como garantir a segurança dos viajantes. Investimos, também, em eventos online para compartilhar informações e planejar o futuro diante do cenário da pandemia. Apesar das adversidades, tivemos muitas conquistas importantes que nos deixam confiantes para o futuro. Será fundamental estarmos unidos para podermos efetuar a retomada do segmento. A Sedetur deu atenção especial aos municípios por meio da Consulta Popular. Ao todo, foram distribuídos R$ 2,5 milhões para 39 municípios investirem na revitalização de praças, instalação de placas turísticas, construção de infraestrutura e promoção regional. Ao final de 2020, fomos coroados com o selo Safe Travels. A Secretaria liderou o processo que homologou o Rio Grande do Sul como um Estado seguro para se viajar. Esse é, sem dúvida, um diferencial competitivo para nós, uma vez que a marca demonstra para os turistas que estamos preocupados em garantir a segurança de quem vem para cá.

Secretário de Turismo, Rodrigo Lorenzoni

A Secretaria já tem os números de 2020 do impacto da pandemia no setor de turismo? O Rio Grande do Sul faz fronteira com Argentina e Uruguai. O Estado tem conversado com estes países sobre a reabertura dessas fronteiras?

Rodrigo – O Turismo foi o primeiro setor a ser drasticamente afetado e, com toda a certeza, será o último a voltar a pleno. Em seis meses de pandemia, de março a agosto de 2020, foram eliminados 481,3 mil postos formais de trabalho. Mais de 3,5 mil estabelecimentos de turismo fecharam as portas na pandemia do novo coronavírus. Os segmentos que mais demitiram foram as agências de viagens (18,5 mil pessoas) e hotéis, pousadas e similares (quase oitenta mil trabalhadores). Tudo isso resultou em prejuízo acumulado de R$ 12 bilhões, entre os meses de março e setembro. Sabemos que a retomada das viagens será lenta e gradual. Desde março do ano passado não registramos ingresso de turistas argentinos e uruguaios no Rio Grande do Sul. Muitos negócios dependiam dessa movimentação. O momento delicado reforça a importância de investirmos na retomada. Para isso, estamos prevendo duas campanhas publicitárias de incentivo ao turismo no Rio Grande do Sul.

O turismo regional será em 2021 o que vai sustentar a atividade turística. O que a Secretaria está fazendo para apoiar as viagens regionais? E como a Secretaria avalia que pode atrair para o Rio Grande do Sul turistas de Santa Catarina e Paraná?

Rodrigo – O governo do Rio Grande do Sul está comprometido com a retomada segura do setor. O Rio Grande do Sul captou junto ao Ministério do Turismo R$ 500 mil para impulsionar uma campanha publicitária com foco em viagens regionais. A verba será somada aos R$ 600 mil do Fundo Estadual do Turismo que estavam previstos inicialmente para a ação. Queremos estimular os gaúchos e os nossos vizinhos de Estado a conhecerem o extremo Sul do Brasil e as inúmeras vocações turísticas que temos aqui. Outro ponto importante que avançamos para consolidar o Rio Grande do Sul no cenário turístico do país é a concessão de parques estaduais à iniciativa privada. O objetivo da parceria com o investidor é aumentar a preservação ambiental e ampliar a gama de serviços oferecidos. Isso tornará os locais mais atraentes para visitação, favorecendo a economia local, da região e do Estado. Recentemente, tivemos a notícia de que a concessão do parque nacional dos Aparados da Serra resultou no investimento de R$ 260 milhões na área, além de uma outorga de R$20 milhões.

Quais destinos a Secretaria acredita que serão os mais procurados pelos turistas no Rio Grande do Sul e por qual motivo?

Rodrigo – Nossos esforços enquanto Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo têm sido o fortalecer o setor a fim de tornar nosso Estado mais convidativo, não só para os visitantes de fora, mas para os próprios gaúchos. O Rio Grande do Sul tem 27 regiões turísticas, por isso fica difícil apostar em alguns lugares somente. Tanto tempo em casa, em razão da pandemia, nos fez repensar até como serão as viagens de lazer com a família ou amigos. Acredito que os destinos ligados à natureza estarão entre os mais escolhidos. Esperamos ansiosos pelo retorno do turismo de forma plena, pois o segmento é fonte de emprego e de renda para milhares de famílias gaúchas. Nosso compromisso é trabalhar pela rápida retomada do setor, com segurança e responsabilidade.

Foto: Parque Nacional de Aparados da Serra. em Cambará do Sul/Renato Soares/MTUR

 

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