Margeado pelo Rio Potengi e na divisa com Natal, capital do Rio Grande do Norte, São Gonçalo do Amarante é um destino com atrações históricas, artísticas, religiosas e gastronômicas a apenas 20 km da capital potiguar.
É em São Gonçalo do Amarante, o quarto município mais populoso do Rio Grande do Norte, que está o Aeroporto Internacional Aluízio Alves que atende Natal, tornando a cidade uma das portas de entrada do turismo no Estado.
O município ostenta o título de “Berço da Cultura Popular”, denominação recebida do maior historiador potiguar, Luiz da Câmara Cascudo. A tradição está nas cores do folclore, nas formas do artesanato e na história de religiosidade e bravura dos Santos Mártires de Uruaçu.
Monumento dos Santos Mártires
Localizado na comunidade rural de Uruaçu, o Monumento dos Santos Mártires conta com o santuário religioso, templo da devoção do povo São-gonçalense, erguido para homenagear os primeiros Santos Brasileiros e Padroeiros do Rio Grande do Norte.
O Monumento tornou-se local de devoção aos Santos do Brasil canonizados em 15 de outubro de 2017 pelo Papa Francisco, na Praça São Pedro, no Vaticano. O espaço é aberto aos turistas e devotos e todo dia 3 de cada mês, às 15h, é celebrada missa e adoração aos Santos Mártires. No dia 3 de outubro é comemorado o feriado estadual em comemoração ao dia dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, recebendo milhares de fiéis.
Capela de Utinga
Utinga representa uma das povoações mais antigas de São Gonçalo do Amarante, utilizada como rota para a exploração holandesa, no início do século XVII. Apontamentos históricos de 1638 já registravam “Itinga” (que no dialeto tupi-guarani significa água branca, hoje a população chama de Utinga) informando existir ali um engenho e uma capela.
Possivelmente, a atual Capela tenha sido construída no mesmo local da anterior, já existente na época do domínio holandês.
A atual Capela foi erguida por volta de 1730, segundo documentos oficiais, e é dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. No frontispício da capela aparece o ano de 1787 e representa, provavelmente, a época em que o templo sofreu alguma reforma. A Capela de Utinga e duas residências próximas apresentam características arquitetônicas do século XVII, o que comprova o período em que ambas foram construídas.
A Capela serviu para a ocupação holandesa no século XVII e desde 1989 é tombada pela Fundação José Augusto. Provavelmente, a estrada mais antiga do Estado, que ligava Baía da Traição, na Paraíba, até Natal, passava pela Capela de Utinga. Outro fato importante é que na localidade de Utinga e na sede de São Gonçalo registrou-se antes mesmo de 13 de maio de 1888, a abolição de escravos.
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Matriz de São Gonçalo
A Igreja Matriz de São Gonçalo do Amarante foi construída no mesmo local da antiga capelinha, edificada no início do século XVIII, por iniciativa dos portugueses Paschoal Gomes de Lima e Ambrósio Miguel de Serinhaém.
Em 1719, o padre Simão Rodrigues de Sá, da paróquia de Natal, chegou ao sítio de São Gonçalo do Amarante, onde benzeu a capelinha e celebrou a primeira missa em 2 de fevereiro e, logo depois do almoço, celebrou o casamento de uma filha de Ambrósio Miguel de Serinhaém com o filho de Paschoal Gomes de Lima, sendo este o primeiro casamento celebrado em São Gonçalo do Amarante.
Em 1838, iniciaram-se as obras de ampliação da capelinha, concluída em 1840. O primeiro vigário da nova matriz foi o padre José Monteiro de Lima, permanecendo na paróquia durante 28 anos, até o seu falecimento, ocorrido em 15 de janeiro de 1872. Seus restos mortais foram sepultados na própria matriz.
A matriz de São Gonçalo do Amarante é considerada o monumento histórico mais representativo da cidade, de grande importância arquitetônica, constituindo um raro exemplar da arquitetura barroca no Rio Grande do Norte.
Possui altares confeccionados em madeira de excelente qualidade, construído no século XIX por Pantaleão de Oliveira, um artífice nascido em São Gonçalo do Amarante. Um dos altares foi destruído por um incêndio, na noite de 31 de março de 1950, sendo reconstruído em 1957. Em 1963, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Culinária
O Polo Gastronômico de Pajuçara, um lugarejo pacato e hospitaleiro, localizado na Zona Rural do município, reúne alguns dos mais tradicionais e rústicos restaurantes da Grande Natal, cuja especialidade é o camarão.
Pajuçara é referência para os moradores da região quando o assunto é comer bem e com um preço justo. Os restaurantes mostram o poder da tradição com um variado cardápio na arte do camarão.
Visitando a comunidade de Pajuçara você vai se deliciar com o autêntico camarão ao alho e óleo (com casca ou sem casca), filé de camarão regado ao caldo de coco, camarão gratinado, carne de siri, galinha caipira, peixe e ainda aquele que é a sensação, sendo o prato mais pedido, o pirão de camarão.
Os pratos são servidos em porções para petiscos com acompanhamento de tapioca ou macaxeira e a refeição com acompanhamento de feijão verde, arroz branco, macaxeira, farofa e salada de vinagrete, variando de acordo com o cardápio.
As tradições
Em São Gonçalo do Amarante o Grupo Boi Calemba Pintadinho é um dos grupos mais tradicionais do Rio Grande do Norte, com mais de 100 anos de existência. O Boi-Calemba Pintadinho é a versão potiguar do “bumba meu boi”. Também conhecido como Boi de Reis, é um auto popular que trata da morte e ressurreição de um boi. É composto por “enfeitados” e “mascarados”, divididos em Mestre, Galantes e Damas. Executando cantigas antigas, eles fazem a coreografia ao som da rabeca.
O figurino é enfeitado com fitas coloridas e espelhos, proporcionando um interessante efeito visual. Os mascarados representam a parte cômica da dança. O trio formado por Birico, Mateus e a Catirina se apresenta usando roupas vermelhas, rostos pintados e se utilizam dos gestos e paródias dos galantes. Outras figuras integram a apresentação como a Burrinha, o Bode, o Gigante (cavalo marinho), o Jaraguá e o Boi. Os instrumentos utilizados são a rabeca, o pandeiro e alguns instrumentos de corda, podendo ser substituídos pela sanfona.
Pastoril
O Pastoril é um dos quatro principais espetáculos populares do Nordeste brasileiro. É uma tradição centenária de São Gonçalo do Amarante e voltou a tomar força com a oficialização do pastoril Dona Joaquina, em 2005.
O grupo reúne descendentes e simpatizantes dos antigos grupos de pastoris da cidade, resgatando e mantendo a tradição cultural da Lapinha e do Pastoril na região. O grupo potiguar é formado por 18 pastorinhas, com idade entre 16 e 25 anos.
Oriundo dos dramas litúrgicos representados nas Igrejas, aos poucos desvinculou-se dessa característica natalina, tornando-se o folguedo de maior aceitação popular no município. Essa brincadeira de mocinhas, traz como marca principal a herança recebida de avós, bisavós e de todas as matriarcas da região onde se origina o grupo.
O Pastoril é formado por dois cordões (azul e vermelho) e caracterizado pelo canto de jornadas de saudação ao público, louvação ao Messias e exaltam o próprio pastoril. A concepção cênica é sempre formada pelo espírito de competição entre os dois grupos (cordões). À frente estão a “Mestra” do vermelho e a “Contramestra” do azul, seguidas das pastoras. A mediadora da rivalidade é a “Diana”, vestida nas duas cores.
Bambelô
Os Bambelôs constituem-se em danças ao som do tambor, batendo ritmicamente. O solista, no centro da roda de dançarinos, executa uma série de passos. Ao terminar aproxima-se de um dos participantes, convidando-o para dançar através de um gesto denominado umbigada. A ação é repetida até que todos participem da brincadeira. Os versos cantados são simples, sempre com um refrão que todos respondam.
A romanceira do Brasil
Militana Salustino do Nascimento, mais conhecida como Dona Militana, a maior romanceira do Brasil, é filha ilustre do município. Nasceu no sítio Oiteiros em 19 de março de 1925, sendo filha do Mestre do Fandango, Atanásio Salustino do Nascimento e de Maria Militana do Nascimento. Aos 7 anos já trabalhava na roça, plantando mandioca e feijão. Apesar de analfabeta e de ser proibida de cantar pelo seu pai, foi na lida do campo que memorizou os romances.
O dom do canto ela herdou do pai, uma figura folclórica de São Gonçalo. Sua memória guardava, por tradição oral, um considerável acervo, o que fez dela uma enciclopédia viva da cultura popular. Eram romances originários de uma cultura medieval e ibérica, que narravam os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana cantava modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos.
Cantava seus romanceiros numa cadência que lembrava o cantochão, com ritmo baseado na acentuação e nas divisões do fraseado. Na maioria das vezes, as narrativas cantadas eram histórias trágicas, como a do “Conde de Amarante”, em que a esposa chora a ausência do marido, enquanto dá ao filho “o leite da amargura” e se despede da vida. Outros romances, como “Nau Catarineta”, traziam poesias de terras distantes, desconhecidas, lugares por onde Militana navegava com a memória e a imaginação.
Na década de 1990, o folclorista Deífilo Gurgel conheceu os cantos de Dona Militana e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento dela. A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado “Cantares”, lançado em São Paulo e Rio de Janeiro. Críticos e jornalistas de grandes jornais brasileiros se renderam aos encantos e a peculiaridade da voz de Dona Militana. Em setembro de 2005, recebeu das mãos do então presidente Lula a Comenda Máxima da Cultura Popular, em Brasília. Suas memórias encontram-se no museu municipal do nosso município.
Faleceu em 2010, anos 85 anos.
Galo Branco de Dona Nenén
Um dos momentos mais importante de São Gonçalo do Amarante foi a escolha do Galo Branco como símbolo do folclore norte-rio-grandense, nos anos de 1950. Em 2016, a imagem ganhou um monumento de 12 metros de altura para visitação pública.
O Galo Branco nasceu das mãos do artesão Antônio Soares que viveu em Santo Antônio do Potengi, comunidade que é tradicional na tipologia argila e cerâmica. Antônio Soares querendo deixar suas “quartinhas” mais atrativas para seus clientes criou um modelo no estilo de um galo, feito com um barro branco, na época, encontrado facilmente nos barreiros da comunidade.
A imagem do galo chegou a ser popularizada nacionalmente ilustrando o cartaz da III Festa do Folclore Brasileiro em 1975, promovida pela campanha de defesa do folclore Brasileiro, instituição interessada em garantir proteção legal às manifestações folclóricas, entre as quais o artesanato.
Artesanato
O artesanato é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural de São Gonçalo do Amarante. Em várias partes do município é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada, criada de acordo com a cultura e o modo de vida local. Alguns grupos reúnem diversos artesãos da região, disponibilizando espaço para confecção, exposição e venda dos produtos artesanais e feita com matérias-primas regionais, como argila, cipó, retalhos e sisal.
Além turismo religioso, cultural, artístico-folclórico e gastronômico, São Gonçalo do Amarante, segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Vagner Araújo, “vai agregar um novo produto turístico, que é o ecológico. Estamos nos preparando para implantar dois parques ambientais urbanos e para criarmos um grande Parque da Mata Atlântica com uma floresta que estamos reservando ao lado do aeroporto e que vamos transformar em um parque para contemplação desse bioma tão importante e que está precisando ser preservado, onde temos vegetação de porte elevado composto por belas árvores frondosas com flora e fauna nativas. Um verdadeiro presente que vamos dar para visitação e contemplação da região metropolitana de Natal e ao Rio Grande do Norte que, certamente, vai qualificar muito nosso destino”.
Fonte: Assessoria de Imprensa