La Rinconada é uma cidade que fica próxima a uma mina de ouro, nos Andes do Peru, e tem cerca de 30 mil habitantes. Eles moram a 5,1 mil metros acima do nível do mar o que coloca La Rinconada como a cidade mais alta do mundo. Segundo informa a Wikipédia, “a temperatura média anual de La Rinconada é de 1,3°C e a precipitação média anual é de 707 mm”. As nevadas são frequentes.
Recentemente, um estudo internacional identificou como é possível viver com pouquíssimo oxigênio na cidade. Segundo os especialistas, a vida é possível porque o corpo humano tem a capacidade de adaptar-se às condições mais extremas, conseguindo produzir o dobro de hemoglobina sem provocar a falta de ferro no organismo.
Publicado na revista “Hemasphere“, a pesquisa foi realizada por um grupo internacional incluindo a Universidade de Milão, na Itália, e a de Grenoble, na França. Os estudiosos analisaram a ligação entre o metabolismo do ferro e a formação dos glóbulos vermelhos (eritropoiese) analisando os habitantes residentes em três áreas do Peru: no nível do mar, em grande altitude (Puno, a 3,8 mil metros) e no extremo (La Rinconada).
Emergiu então que o organismo humano consegue se adaptar às condições de carência de oxigênio (hipóxia) induzida pela altitude sintetizando grandes quantidades de hemoglobinas, que são necessárias para transportar o oxigênio por todo o corpo.
TURISMO: Conhecendo a Amazônia peruana
Para produzir hemoglobina, os glóbulos vermelhos utilizam grande quantidade de ferro e a disponibilidade do elemento é particularmente crucial quando a síntese dos glóbulos vermelhos é elevadíssima (eritrocitose).
Mas, os resultados indicam que o progressivo aumento dos glóbulos vermelhos e a massa de hemoglobina “não é acompanhado pela carência de ferro”, observa Stefania Recalcati, que ajudou a coordenar a pesquisa em Milão.
“Mesmo que as condições extremas observadas nos habitantes de La Rinconada, que apresentam, por exemplo, um hematócrito de 70% – devido a um volume total dos eritrócitos que é o dobro em comparação com o normal – não levam a uma falta de ferro”, acrescenta a pesquisadora italiana.
Para evitar a carência, essas pessoas têm altos níveis de uma proteína chamada ceruloplasmina, necessária para absorver o ferro e induzida pela falta de oxigênio. Os resultados poderão ser úteis para ajudar pacientes com doenças respiratórias que levam a uma grave hipóxia crônica ou com doenças hematológicas como a policitemia, caracterizada por um forte aumento dos glóbulos vermelhos no sangue.
Fonte: Ansa