Guimarães, no Norte de Portugal, é uma cidade onde metade de seus habitantes tem menos de 30 anos (é uma das cidades mais jovens da Europa) e tem se posicionado como um dos principais pontos culturais emergentes da Península Ibérica e a designação pela Unesco do centro histórico como Patrimônio Mundial (2001), distinção merecida para um local pleno de reminiscências históricas que soube preservar o seu patrimônio e espaços públicos.
Para os portugueses, Guimarães tem um valor simbólico muito especial. Foi num campo próximo dos muros do seu castelo que D. Afonso Henriques, vencendo as tropas de D. Teresa (sua mãe e filha de Afonso VI de Leão e Castela) na batalha de São Mamede, em 24 de junho de 1128, iniciaria a trajetória que culminaria na construção do reino de Portugal, do qual viria a ser o primeiro rei.
Considerada berço de Portugal, a visita a Guimarães pode começar pelo local conhecido por Colina Sagrada, onde é possível apreciar o castelo de Guimarães e a pequena igreja românica de São Miguel. De acordo com a tradição, foi neste modesto templo que Afonso Henriques recebeu batismo na pia batismal, que ainda se encontra no interior da igreja. Numa interpretação do escultor Soares dos Reis (1834), uma imponente estátua permite imaginar a figura e as feições do primeiro rei português. Nas imediações se destaca o Palácio Ducal, hoje um palácio-museu, cuja construção original remonta ao século XV.
Se quiser ter uma magnífica visão da cidade, suba de carro os 7 km necessários para se chegar ao Monte da Penha, um dos mais impressionantes panoramas do Norte de Portugal. Esta estrada passa ao lado da Pousada de Santa Marinha da Costa, um antigo convento fundado por D. Mafalda de Sabóia, mulher de D. Afonso Henriques. Encontram-se neste edifício vários estilos e épocas que a hábil intervenção do arquiteto Fernando Távora transformou em pousada. A igreja, reconstruída no século XVIII, o claustro, as celas adaptadas em quartos e a belíssima varanda de São Jerónimo, com vista para o jardim, são alguns dos fortes motivos para que você estenda sua estada por pelo menos uma noite. Poderá também subir no teleférico – uma viagem de poucos minutos que liga o centro da cidade ao santuário de Nossa Senhora da Penha e contemplar uma vista deslumbrante.
No centro histórico visite o impressionante Largo da Oliveira e não deixe de conhecer o Centro Cultural Vila Flor, instalado no Palácio Vila Flor, edifício do século XVIII. Equipado com dois auditórios, quatro salas de reuniões, uma área expositiva de mil m2, um restaurante, um café concerto, estacionamento e jardins, o Centro Cultural Vila Flor permitiu reforçar e ampliar o projeto cultural e socioeconômico da cidade de Guimarães e de toda a região, oferecendo condições singulares para a realização de eventos diversos.
Castelo de Guimarães
O Castelo de Guimarães, situado no Monte Largo, evoca o misto de lenda e heroísmo que envolve o início da História de Portugal. Mumadona, condessa galega, mandou construir neste local, por volta do ano 968, um castelo onde a população pudesse se refugiar dos constantes assaltos de tropas de vikings, vindos dos mares do norte da Europa e de outros inimigos. Quando o Conde Henrique recebeu de seu sogro, Afonso VI de Leão, o governo da província portucalense, mandou construir outra edificação mais ampla e sólida, que constituiu o início do importante conjunto defensivo que existe atualmente. Embora o fato não esteja documentado, é provável que o edifício que se encontra encostado na parte interna da muralha norte tenha sido a morada do Conde D. Henrique e local do nascimento de seu filho Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Até o fim do século XIV no Castelo de Guimarães protagonizaram-se heróicos combates para a defesa da integridade do jovem reino de Portugal, abalado por questões dinásticas com Castela que tornavam vulnerável a sua independência. Com o nascimento das novas armas de artilharia, o Castelo de Guimarães, como tantos outros, conheceu o início do fim de suas glórias. Na primeira metade do século XX, o edifício foi cuidadosamente restaurado na sua original grandiosidade e beleza, encantando turistas do mundo todo.
Das 9h30 às 12h e das 14h às 17h (de terça a domingo) – fechado: 1º de janeiro, Páscoa, 1º de maio e 25 de dezembro
Museu do Paço dos Duques de Bragança
A construção do palácio dos Duques de Bragança, inspirada nas moradias senhoriais francesas, iniciou no começo de 400 e se deveu a D. Afonso de Barcelos, primeiro duque de Bragança e filho natural de D. João, Mestre de Avis, futuro rei D. João I. Mais tarde a residência dos Bragança se deslocou para o Palácio de Vila Viçosa, no Alentejo, e o edifício foi-se degradando ao longo dos séculos até se transformar num quartel militar em 1807. Em 1937 se iniciaram as obras de restauração e em 24 de junho de 1959, exatamente 831 anos depois da batalha de S. Mamede, o palácio ressurgiu na sua imponência gótica de inspiração normanda. Na ala norte do piso térreo se encontra um pequeno museu de arte contemporânea com peças que o pintor José de Guimarães (criador do símbolo do turismo de Portugal) doou à cidade onde nasceu. O museu ocupa as imensas salas do primeiro andar onde está exposto um conjunto de obras de arte provenientes de diversos museus, entre as quais se destacam peças de mobiliário do século XVII, coleções de armas antigas e um conjunto notável de quatro tapeçarias de enormes dimensões que descrevem cenas da chegada dos portugueses a Arzila, do cerco a esta cidade no Norte da África e da tomada de Tânger. Os originais foram encontrados em Pastrana, próximo de Madri, e posteriormente transferidos para o palácio El Escorial. O governo espanhol nunca autorizou a devolução das peças originais, tendo apenas dado permissão para executar as reproduções que se podem admirar no Palácio Ducal.
Das 10h às 18h de terça a domingo. Fechado: 1º de janeiro, Páscoa, 1º de maio e 25 de dezembro
Museu de Alberto Sampaio
O Museu de Alberto Sampaio foi criado em 1928 para abrigar o espólio artístico da extinta Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e de outras igrejas e conventos de Guimarães. Situa-se em pleno centro histórico da cidade, que é patrimônio da humanidade, no local onde a condessa Mumadona mandou construir, no século X, um mosteiro. O museu ocupa três espaços que pertenceram à Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira: a Casa do Cabido, o Claustro e a Casa do Priorado. O Claustro é um caso único na arquitetura portuguesa, quer pela implantação em torno da cabeceira da Igreja quer pela sua forma irregular. Possui coleções de grande interesse como as estátuas em calcário e madeira do século XIII ao XVIII. No núcleo de talha tem destaque o retábulo seiscentista que pertencia à Irmandade de S. Pedro. A coleção de cerâmica é constituída por exemplares de azulejaria e de louças. O conjunto têxtil é composto por vestes litúrgicas e por um núcleo significativo de amostras de tecidos. Se destaca como peça emblemática das coleções do museu, o loudel (veste militar) que D. João I usou durante a Batalha de Aljubarrota. Por último, na coleção de ourivesaria, o destaque é o tesouro de Nossa Senhora da Oliveira: conjunto de alfaias litúrgicas (cálices, patenas, custódias, cruzes e relicários) que datam do século XII ao XIX.
Das 10h às 18h, de terça a domingo; das 10h às 24h, em agosto, de terça a domingo. Visitas guiadas (mediante marcação prévia) em inglês e francês e visitas para públicos com deficiência. Fechado: 1º de janeiro, domingo de Páscoa, 1º de maio e 25 dezembro
Pousada de Santa Marinha
Perto do centro histórico de Guimarães, na encosta da cidade, ergue-se majestosa a Pousada de Santa Marinha, resultante da recuperação do belo Convento dos Agostinhos, do século XII. O projeto, que venceu o Prêmio Nacional de Arquitetura em 1985, é de autoria do arquiteto português Fernando Távora. Foi um dos fundadores da chamada Escola do Porto, o inovador corpo docente da Faculdade de Arquitetura, onde foi professor de outros arquitetos de renome como Siza Vieira e Souto Moura. O Parque da Penha, os pequenos jardins e recantos interiores com fontes de granito, os ricos painéis de azulejos, os claustros, as múltiplas varandas e terraços, além de uma magnífica carta de sabores e vinhos, convidam a uma estada demorada.
Publicado no Aeroporto Jornal – agosto/2013
Guimarães, the birthplace of Portugal
Guimarães, located in the district of Braga, in northern Portugal, is a city where half of its population is under 30 years old (one of the European cities with the largest number of young people) and has positioned itself as one of the main points emerging from the cultural Iberian Peninsula. Its beautiful historical center has been designated by Unesco World Heritage (2001), earned distinction for a place full of historical reminiscences which has retained its heritage and public spaces.
With narrow winding streets lined with medieval buildings and numerous ancient monuments, Guimarães has been chosen by the New York Times as one of 41 places to visit, a selection of tourist destinations ranging from the beaches of Mexico to Singapore, London and Milan For the Portuguese, the charming Guimarães has a very special symbolic value. It was in a field near the walls of his castle that D. Afonso Henriques, winning D. Teresa troops ( his mother and daughter of Alfonso VI of Leão and Castela) in the Battle of São Mamede, on June 24, 1128, began the path that would culminate in the building of the kingdom of Portugal, which was to become the first king.
A visit to the “cradle of Portugal” can start with the place known as Colina Sagrada (Holy Hill), where you can enjoy the Castle of Guimarães and the small Romanesque church of San Miguel. According to tradition, it was in this modest church that Afonso Henriques received baptism, which font is still inside the church. Through an interpretation of the sculptor Soares dos Reis (1834), an imposing statue allows to imagine the figure and the features of the first Portuguese king.
Nearby stands the Doge’s Palace, now a palace-museum, whose original construction dates back to the fifteenth century. If you want a magnificent view of the city, climb the 7 km drive required to reach the Monte da Penha, one of the most impressive landscapes of northern Portugal. This road passes next to the Santa Marinha da Costa Inn, a former convent founded by D. Mafalda of Sabóia, wife of D. Afonso Henriques. This building holds various styles and eras that through the skillful intervention of the architect Fernando Tavora turned into an inn. The church, rebuilt in the eighteenth century, the cloister, the cells adapted to rooms and the beautiful balcony of St. Jerome, overlooking the garden are some of the compelling reasons for you to extend your stay at least one night. You can also go up by the cable car – a journey of a few minutes that connects the city center to the shrine of Our Lady of Penha and admire stunning views.
Gastronomy
In historical center visit the impressive Largo da Oliveira and be sure to visit the Centro Cultural Vila Flor, located in Vila Flor Palace, an eighteenth century building. Equipped with two auditoriums, four meeting rooms, an exhibition area with a thousand square meters, a restaurant, a cafe concert, parking and gardens, the Vila Flor Cultural Centre allowed strengthen and broaden the cultural and socio-economic project of the Guimarães city and the entire region, offering excellent conditions for holding various events. It is known the good and abundant table of Minho. Guimarães is no exception. There is well-rooted traditional regional cuisine. Be sure to taste a baked or stuffed cod, the rice “Pica on the Floor”, a roasted leg of lamb or veal, accompanied by green or red wine. If you prefer sweets, it is imperative to taste the “Guimarães Pies”, the famous “douradinhas” and the famous heaven’s bacon, inherited recipes from the nuns of the Santa Clara Convent and passed orally from mother to daughter for generations.
Regarding accommodation, there is a good range of hotels, guesthouses and hostels in the city. In times of internet, choosing the most reasonable option becomes practical and easy. Anyway, it is worth trying a visit to a travel agency for a hint. As throughout Europe, rail transport is plentiful and accessible, but if you prefer there are bus lines that can take you to Guimarães. From Lisbon to Guimaraes it takes about 3 hours (route of just over 300 km), from Porto 30 minutes and from Braga only 15 minutes.
Guimarães, la cuna de Portugal
Guimarães, ubicada en el distrito de Braga, en el norte de Portugal, es una ciudad donde la mitad de su población tiene menos de 30 años (una de las ciudades europeas con mayor número de jóvenes) y se ha posicionado como uno de los principales puntos emergiendo de la península ibérica cultural. Su hermoso centro histórico ha sido designado por la Unesco Patrimonio de la Humanidad (2001), merecido distinción por un lugar lleno de reminiscencias históricas que ha conservado su patrimonio y espacios públicos.
Con calles estrechas y sinuosas bordeadas de edificios medievales y numerosos monumentos antiguos, Guimarães ha sido elegido por el New York Times como uno de los 41 lugares para visitar, una selección de destinos turísticos que van desde las playas de México hasta Singapur, Londres y Milán para los portugueses. , el encantador Guimarães tiene un valor simbólico muy especial. Fue en un campo cerca de los muros de su castillo donde D. Afonso Henriques, ganando las tropas de D. Teresa (su madre e hija de Alfonso VI de Leão y Castela) en la Batalla de São Mamede, el 24 de junio de 1128, inició la camino que culminaría con la construcción del reino de Portugal, que se convertiría en el primer rey.
La visita a la “cuna de Portugal” puede comenzar con el lugar conocido como Colina Sagrada (Cerro Santo), donde se puede disfrutar del Castillo de Guimarães y la pequeña iglesia románica de San Miguel. Según la tradición, fue en esta modesta iglesia donde recibió el bautismo Afonso Henriques, cuya pila aún se encuentra dentro de la iglesia. A través de una interpretación del escultor Soares dos Reis (1834), una imponente estatua permite imaginar la figura y los rasgos del primer rey portugués.
Muy cerca se encuentra el Palacio Ducal, hoy palacio-museo, cuya construcción original se remonta al siglo XV. Si desea una vista magnífica de la ciudad, suba los 7 km necesarios para llegar al Monte da Penha, uno de los paisajes más impresionantes del norte de Portugal. Este camino pasa junto a la Posada de Santa Marinha da Costa, antiguo convento fundado por D. Mafalda de Sabóia, esposa de D. Afonso Henriques. Este edificio tiene varios estilos y épocas que gracias a la habilidosa intervención del arquitecto Fernando Tavora se convirtió en posada. La iglesia, reconstruida en el siglo XVIII, el claustro, las celdas adaptadas a habitaciones y el hermoso balcón de San Jerónimo, con vistas al jardín, son algunos de los motivos de peso para que alargues tu estancia al menos una noche. También puede subir en el teleférico, un viaje de unos minutos que conecta el centro de la ciudad con el santuario de Nuestra Señora de Penha y admirar las impresionantes vistas.
Gastronomía
En el centro histórico, visite el impresionante Largo da Oliveira y asegúrese de visitar el Centro Cultural Vila Flor, ubicado en el Palacio de Vila Flor, un edificio del siglo XVIII. Equipado con dos auditorios, cuatro salas de reuniones, un área expositiva de mil metros cuadrados, un restaurante, un café concierto, estacionamiento y jardines, el Centro Cultural Vila Flor permitió fortalecer y ampliar el proyecto cultural y socioeconómico de la ciudad de Guimarães y toda la región, ofreciendo excelentes condiciones para la realización de diversos eventos. Es conocida la buena y abundante mesa de Minho. Guimarães no es una excepción. Hay una cocina regional tradicional bien arraigada. No dejes de degustar un bacalao al horno o relleno, el arroz “Pica en el suelo”, una pierna de cordero o ternera asada, acompañada de vino verde o tinto. Si prefieres los dulces, es imprescindible degustar las “Pasteles de Guimarães”, las famosas “douradinhas” y el famoso tocino del cielo, recetas heredadas de las monjas del Convento de Santa Clara y transmitidas oralmente de madre a hija durante generaciones.
En cuanto al alojamiento, existe una buena oferta de hoteles, pensiones y hostales en la ciudad. En tiempos de Internet, elegir la opción más razonable se vuelve práctico y fácil. De todos modos, vale la pena intentar una visita a una agencia de viajes para obtener una pista. Como en toda Europa, el transporte ferroviario es abundante y accesible, pero si lo prefiere hay líneas de autobús que pueden llevarlo a Guimarães. Desde Lisboa a Guimaraes se tardan unas 3 horas (recorrido de poco más de 300 km), desde Oporto 30 minutos y desde Braga solo 15 minutos.