A 25 km da pequena cidade de Morató, Uruguai, localizada a Sudeste do departamento de Paysandú, a 370 km de Montevidéu, muito perto da estação ferroviária de Tres Arboles, encontra-se um testemunho silencioso de grandes episódios históricos, com uma estética mais que singular, a fazenda Buen Retiro.
Desde janeiro, esta peculiar construção passou a integrar a lista de monumentos catalogados como Históricos Nacionais de Paysandú, reconhecimento concedido pela Comissão do Patrimônio da República, oferecendo diferentes alternativas de visitação, todas com agendamento prévio.
Riqueza histórica
O palacete eclético, fusão do clássico com o tardo-renascentista, foi construído por ordem do mercador Francisco Leon Barreto no início do século XX, entre 1902 e 1904, como forte para travar a invasão portuguesa pelo Norte do país e para controlar contrabando e roubo de gado na região.
Desde a sua criação, a casa tem água encanada, um grande tanque subterrâneo e energia elétrica. De suas entranhas passa um antigo túnel, com uma entrada que leva à costa do Rio Queguay Grande.
O complexo foi palco de importantes reuniões de lideranças políticas durante as batalhas da Grande Guerra, não em vão possui galerias subterrâneas que permitiam entrar ou sair do local sem ser visto.
Felizmente, a construção não foi alterada pelas disputas bélicas, mantendo sua construção monumental, símbolo da moderna pecuária uruguaia que percorreu todo o território.
Por volta de 1916, outras construções foram anexadas, como o jardim com calçada portuguesa, a tosquia e as cabanas, e sucessivamente outras construções, como a casa do capataz, a casa do empreiteiro, a casa do quinteiro e a casa do pessoal, de que são vestígios da relevância de uma época de grande esplendor e refinamento da produção pecuária do país.
O estabelecimento também soube ser um dos grandes fornecedores do Frigorífico Anglo.
Por tudo isto são inúmeras as lendas que giram em torno do edifício.
Durante mais de trinta anos, o edifício histórico, que é propriedade privada, e está vocacionado para a produção de carne e lã, esteve fechado ao público.
Visitas com agenda
Agora, após diferentes ações, com o apoio dos proprietários, a fazenda Buen Retiro – Castillo Morató está aberta à visitação pública.
Os interessados em visitar o castelo devem entrar em contato com no Posto de Turismo de Paysandú onde são informados das diferentes opções de passeios e guias existentes.
Inicialmente, foram desenhadas três rotas alternativas a partir das principais cidades da região (cidade de Paysandú e Termas de Almirón).
História do Castelo de Morató – Estância Buen Retiro
A fazenda “Buen Retiro” e o castelo da família Morató tem sua referência datada de 1904 como “Estancia Barreto”, em referência a Francisco Barreto, sem menção ainda ao nome “Bom Retiro”.
A área da fazenda é de 2,6 mil m², e em seu início foi dividida em trinta piquetes com arame especial e madeira dura; os galpões foram construídos com “todo luxo”, dotados de sistema de tubulações para água corrente, calhas de drenagem e piso impermeabilizado”.
Maquinário de última geração foi disposto para tosquia, em galpões próprios para a classificação da lã; os bloqueios eram do sistema australiano moderno e os peões tinham quartos extraordinariamente confortáveis.
Os garanhões Percheron de trote americano foram importados; Durham e touros holandeses; vacas e touros normandos; Romney Marsh ovelhas e carneiros e gado e reprodutores Rambouillet.
Cinco “postes” de vigilância, feitos de material e interligados por telefone, permitiram que a enorme propriedade fosse fiscalizada. A eletricidade não poderia faltar, fornecida por modernos dínamos, com seus motores e baterias de acumuladores; que permitiu iluminar o edifício central, com base no conforto da luz abundante e da água corrente.
Barreto e Morató construíram aquele “protótipo do estabelecimento suntuoso, onde nada falta” em terrenos de longa história, que remontam a Francisco Aguilar, seu primeiro proprietário, na colônia, para depois passar para o general de brigada Fructuoso Rivera, no ano 1835.
Em 1904, quando a obra foi concluída, foi chamado de “Castelo” pelos contemporâneos, devido à sua imponência. Ao mesmo tempo, terminou a última guerra civil do Uruguai, que colocou as tropas de Aparicio Saravia contra o governo do presidente José Batlle y Ordóñez.
A construção não foi alterada pelas tropas de revolucionários ou simpatizantes do governo que passaram pelo local, em sua constante movimentação militar. Era o símbolo da moderna pecuária uruguaia que estava a caminho e, como tal, era respeitado por ambos os lados.
Fonte: Ministério do Turismo Uruguai, com fotos