Durante alguns anos quis visitar a Vinícola Antinori, na Itália, mas não tive oportunidade. Era um sonho conhecer uma das suas sedes e degustar “in loco” seus vinhos.
Antinori já foi considerada a melhor vinícola do mundo em 2022 pela World’s Best Vineyards Awards. Ela é chamada de o “templo do vinho’” da Toscana, e fica a apenas meia hora de Florença.
Agora em maio passado, em viagem pela Toscana, conseguimos marcar com antecedência a visita a Antinori de Bargino.
Eu nem conseguia disfarçar minha alegria em estar lá.
Falar sobre a história da família Antinori é falar sobre a história do vinho na Toscana. Os Antinori produzem vinhos há 600 anos. Um compromisso de 26 gerações.
Atualmente, Piero Antinori está no comando da empresa e conta com a ajuda de suas três filhas, Allegra, Alessia e Albiera. Juntos, eles foram responsáveis por um projeto inovador: a construção das novas instalações da vinícola Antinori nel Chianti Clássico, em Bargino, a menos de 20 km do centro de Florença.
O projeto demorou mais de cinco anos para ficar pronto e custou mais de € 80 milhões.
O edifício moderno é totalmente integrado à natureza e foi construído com matérias primas locais. Ele fica praticamente debaixo da terra, usando a refrigeração natural como método para a conservação dos vinhos.
Uma curiosidade é que parte da terra que foi retirada durante a fase inicial do projeto foi usada na produção dos tijolos de terracota, usados no próprio edifício. Alta tecnologia e arquitetura de tirar o fôlego.
Nós fizemos o “pacote completo”: visita à adega, degustação e almoço harmonizado
Degustação
Foram servidos quatro vinhos: Cervaro della Sala 2021, Pinot Nero dela Sala 2020, Pian delle Vigne 2018 e o maravilho Tignanello 2018.
Branco Cervaro Della Sala 2021
O nome Cervaro vem da família nobre proprietária do Castello della Sala durante o século XIV, Monaldeschi della Cervara. Um blend de uvas Chardonnay e uma pequena quantidade de Grechetto formam um vinho que pode envelhecer com o tempo e representa a elegância e complexidade desta propriedade única.
Cervaro della Sala é um dos primeiros vinhos brancos italianos a sofrer fermentação malolática e envelhecimento em barricas. A primeira safra de Cervaro produzida foi em 1985 pelo enólogo do Castello dela Sala Renzo Cotarella.
Este vinho é elaborado com 90% de uvas Chardonnay e 10% de uvas Grechetto. O teor alcoólico é de 12,5%.
O Cervaro della Sala apresenta cor amarela palha luminosa com reflexos esverdeados.
Tem aroma de frutas cítricas, tropicais e notas de manteiga.
No paladar este vinho é notavelmente saboroso e fresco, com características de camomila e frutas brancas.
Harmonização: Peixes, aves, carnes brancas e queijos finos.
Tinto Pinot Nero Della Sala 2020
A primeira safra a ser produzida foi a de 1990. O vinho é feito inteiramente com uvas Pinot Nero e é considerado o alter ego de Cervaro: juntos eles representam as duas expressões diferentes do espírito complexo e refinado do Castello della Sala.
É elaborado 100% com uvas Pinot Nero. O teor alcoólico é de 14%.
Apresenta cor vermelho intenso.
O aroma é de cereja, frutas vermelhas com notas amadeiradas.
Em boca é intenso, equilibrado e persistente.
Harmoniza com carne de vaca, massas, vitela e aves.
Tinto Pian Delle Vigne 2018
Tenuta Pian delle Vigne está localizada a 6 km a Sudoeste de Montalcino. A propriedade é constituída por 184 hectares, 65 dos quais são vinha e representa a interpretação pessoal e profunda dos Marchesi Antinori, espelhando-se num vinho tão prestigioso e tradicional como o Brunello. A quinta é propriedade da Família Antinori desde 1995, o ano da primeira colheita de Brunello Pian delle Vigne.
Este vinho é elaborado 100% com uvas Sangiovese. O teor alcoólico é de 14,5%.
Apresenta cor rubi intenso, com leve reflexo granada.
O aroma é amplo com notas de especiarias, frutas vermelhas e toques de tabaco e cacau.
Em boca é intenso, equilibrado, com final longo.
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Tinto Tignanello 2018
Vinhaço da Antinori elaborado com uma seleção de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. O teor alcoólico é de 13,5%.
A safra 2018 obteve os seguintes prêmios: Robert Parker – 98/100; Wine Advocate – 98/100; Vinous: 97/100; James Suckling – 96/100.
Tignanello foi o primeiro Sangiovese a ser envelhecido em barris de carvalho, o primeiro vinho contemporâneo misturado com variedades não tradicionais (Cabernet, especificamente) e um dos primeiros vinhos tintos da região de Chianti Classico
O selo foi projetado por Silvio Coppola em 1974 para o lançamento de Tignanello em 1971. Silvio Coppola foi um importante designer gráfico e de interiores italiano famoso por seu minimalismo.
Apresenta cor vermelho rubi intenso. O aroma é frutado e intenso.
Em boca é bem estruturado, elegante e final longo.
Harmoniza com a culinária italiana clássica com seus assados, carnes de caça e risotos.
Lojas de vinhos
A Antinori tem uma loja com venda de vinhos, balcão de degustação e muitos artigos para presentes.
Muito interessante é que servem todos os vinhos da Vinícola com preços variando com o rótulo e volume.
Branco Pietrabianca, Castel de Monte DOC Biologico
Este elegante Chardonnay é produzido na propriedade Bocca di Lupo, na região de Murgia, na Apúlia. A característica distintiva desta área é a sua “pietra”. A etimologia da palavra “Murgia” refere-se a pedra afiada ou rocha e faz uma referência específica aos muros de pedra seca que revestem o campo. “Pietrabianca” faz menção às pedras que os agricultores rurais batiam enquanto lavravam os campos e, uma vez esmagadas e trituradas no solo, ajudaram a realçar os sabores dos vinhos ali cultivados.
Rico, complexo e ao mesmo tempo fresco e agradável, Pietrabianca mostra que a Puglia também é uma região de grandes vinhos brancos.
Na Puglia, a viticultura é história e ao mesmo tempo inovação. A herdade Tormaresca é a expressão destas duas almas.
É por isso que os investimentos da família Antinori na Puglia começaram em 1998, que considerou esta região entre as mais promissoras da Itália para a produção de vinhos de qualidade, com forte identidade territorial.
A Tormaresca possui duas propriedades localizadas nas áreas mais adequadas para a produção de vinhos de qualidade: Tenuta Bocca di Lupo, no coração do Castel del Monte DOC e Masseria Maime, em uma das áreas mais bonitas do alto Salento.
Este vinho é elaborado com uvas Chardonnay e Fiano. O teor alcoólico é de 12,5%.
Apresenta cor amarelo claro dourado.
Os aromas são de frutas como pêssego, damasco, toranja branca, pera e flores brancas.
No paladar o ataque é fresco, mineral e deliciosamente suculento com sabores de pera e cítricos. O final é longo, com finesse.
Harmoniza com peixe grelhado, ostras, salmão, frutos do mar, salmão defumado.
Tinto Poggio Alle Name, Marema Toscana DOC
Poggio alle Nane é um blend dos melhores Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e uma pequena porcentagem de uvas Carménère que expressam o terroir único de um dos melhores vinhedos da propriedade.
Poggio alle Nane é um vinho de grande complexidade aromática com uma elegante estrutura tânica. O teor alcoólico é de 14,5%.
O nome de Poggio alle Nane vem da área onde crescem suas vinhas. Já existiram fazendas de criação de patos e o nome “Nane” é o dialeto local para pato. As vinhas estendem-se desde a encosta até o lago que ainda fazem parte da propriedade.
Apresenta cor vermelho rubi escuro.
Tem aroma de madeira nobre, pão integral fresco, suco de cereja e framboesas.
Em boca tem estrutura, equilíbrio, elegância além de persistência.
Vinho de sobremesa Muffato Della Sala, Umbria IGT
O Muffato é um vinho de sobremesa elaborado com 60% de uvas Sauvignon Blanc, 40% de Grechetto, Traminer e Riesling.
Este vinho é da Tenuta Castello dela Sala, com uvas botrizadas (daí o nome Muffato que quer dizer “mofado”. Interessante é a seleção do corte que confere ao vinho equilíbrio, elegância e estrutura.
Apresenta cor amarelo dourado intenso. O teor alcoólico é de 12%.
O aroma é intenso com notas de frutas cítricas em compota e mel.
Em boca é carnudo e equilibrado, com boa acidez e final persistente.
Tim tim!!!
Bete Yang, é Engenheira Civil, formada em 1975 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é enófila desde 1996 quando visitou região vinícola de Stellenbosch na África do Sul. Fez cursos de vinhos em Curitiba, no Vale dos Vinhedos (RS), na Associação Brasileira de Sommeliers/RJ, em Rioja (Espanha) e na Ecole du Vin de Saint-Émilion (França). Desde 2017 é membro do Viniep (Confraria de vinho do IEP- Instituto de Engenharia do Paraná). Visitou mais de 196 (cento e noventa e seis) vinícolas na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul e Oceania. bete_yang@yahoo.com
Fotos: Bete Yang
Delícia de matéria!!
Imagino a alegria de um sonho realizado!!
Mais uma ótima matéria Bete, parabéns. Obrigada por compartilhar seu conhecimento e experiência!!