Uma cidade bucólica que pode ser vivenciada em todos os costumes do turismo rural, fortalecido pelas atividades da agroindústria que potencializam o destino, impulsionando economia local e desenvolvendo a comercialização de produtos alimentícios entre condimentos e aves, o que gera empregos em todo o país. Conhecer Belo Jardim no Pernambuco é como adentrar o mundo das cidades interioranas em toda sua essência, papel esse que o turismo interno brasileiro tem buscado mostrar aos brasileiros.

A cidade tem como pontos fortes seus atrativos naturais, enriquecido ainda mais por um turismo de campo bastante peculiar na região e presente em toda extensão que permeia o município.

Para chegar a Belo Jardim, o visitante precisa alcançar por voo o Aeroporto Internacional do Recife Guararapes – Gilberto Freyre, ou o Terminal Rodoviário do Recife. De lá as principais rodovias que servem ao município são BR-232 (principal malha rodoviária do Estado), PE-166 (que liga o município de Belo Jardim ao distrito de Serra dos Ventos e Barra do Farias em Brejo da Madre de Deus) e PE-180 (que liga o município a São Bento do Una).

Foto: Gutemberg Bogéa

Na chegada, uma escultura com o slogan “Terra de Músicos” já referência a cidade às tradições musicais nordestina – ilustrada por uma sanfona, um triangulo e um clarinete -, história essa advinda do século 19, nas primeiras bandas musicais formadas na cidade, fomentada por jovens das tradicionais famílias do local, onde as festas movimentavam o município, construindo a trajetória de uma cidade que recebe turistas de várias partes para suas festividades. Uma delas, a “Festa da Redenção” ou Maroca, criada em 1970 por três belo-jardinenses, onde o encontro promove seis dias de forró com atrações populares como ciranda, coco de roda, bacamarteiros, concursos de quadrilhas e de carroças e burros mais enfeitados, além de encontros de sanfoneiros. O evento é considerado Patrimônio Imaterial de Pernambuco.

Foto: Gutemberg Bogéa

Vida natural

Constituído de três distritos: Água Fria, Serra do Vento – com seu clima serrano, e Xururú, Belo Jardim estima possuir entre 75 e 80 mil habitantes. Cachoeiras, bicas, corredeiras e sítios são os tesouros da região.

Quedas de águas com 20 metros mostram cenários naturais deslumbrantes, corredeiras formam piscinas naturais e escorregos despertam o imaginário dos turistas nas aventuras na natureza.

Os visitantes crescem os olhos contemplando todo um conjunto de bens naturais que aparecem a cada instante, sem os exageros dos grandes paredões e sem grandiosidade dos grandes destinos espalhados no mundo – tudo na mais pura simplicidade e no ambiente pacato das cidades interioranas.

Os sítios, vilas e lagos

O município do agreste pernambucano possui vários atrativos entre sítios, vilas e lagos, tendo uma zona rural extensa. Belo Jardim tem um enorme potencial turístico, mas ainda pouco explorado. A prática de atividades esportivas e turísticas como, trilhas a pé, de moto ou de bicicleta, acampamento, rapel, podem ser realizadas em lugares cercados de diversos banhos em águas refrescantes.

O município está inserido nos domínios das bacias hidrográficas do Rio Ipojuca e do Rio Capibaribe, com inúmeros riachos e os açudes de Belo Jardim (30 mil m³), Engenheiro Severino Guerra (17.776.470 m³) e Tabocas (1.167.924 m³) e as lagoas da Porta, da Chave e Inhumas.

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Artesanato e religiosidade

Às margens da BR-232, uma casa rústica abriga o Centro de Artesanato Tareco e Mariola onde se encontra a exposição e comércio de trabalhos de artesãos locais em barro, tecido, folha de bananeira, garrafas pet, couro, espelhos e casca de ovos. Os artigos são acessíveis com preços que cabem no bolso dos visitantes.

Uma parada obrigatória é na zona rural da Serra dos Ventos. Situada a 15 km do centro da cidade, o distrito oferece um passaporte para a cultura. A Capela de São Vicente Férrer, por exemplo, foi construída por escravos em 1815. Voltada para a serra, o templo fazia parte de uma antiga fazenda que existia no local. Em seu interior, já alterado, encontram-se duas imagens do santo que dá nome à capela.

Capela São Vicente Férrer. Foto: Gutemberg Bogéa

Na Rua do Comércio está o Ateliê Ana Veloso. Uma casa cheia de charme que tem seus cômodos ocupados com peças confeccionadas por moradores da região que se utilizam de materiais simples para criar caixas, colares, pratos, gravuras, tapetes, assentos, molduras, bolsas, porta-retratos e diversos utilitários. No quintal, as obras misturam-se à natureza, criando um ambiente calmo e encantador.

Belo Jardim também é conhecida pelo turismo religioso. No bairro de Água Fria, o santuário a céu aberto de Frei Damião recebe, todo mês de setembro, milhares de romeiros. O local possui duas estátuas gigantes do Frei Capuchinho, uma pequena capela para orações e uma vista panorâmica.

Terra de artistas, patrimônio imaterial

O município é possuidor de um grande leque de artistas entre repentistas, escultores, artesãos, bordadeiras, artistas plásticos, ceramistas, poetas, cantores, o que lhe confere o título de Terra de Músicos.

A cultura belo-jardinense baseia-se em uma forte influência da música que é representada na cidade desde seus primórdios. Conta com a presença de duas escolas de música que fizeram e ainda fazem história na cidade. A Filarmônica São Sebastião fundada em 20 de janeiro de 1887, e a Sociedade de Cultura Musical (conhecida como “Cultura”) que foi fundada em 8 de fevereiro de 1935.

Dos festejos, o forró de vizinhança na grandiosa “Festa de Redenção” ou, simplesmente, “das Marocas”, hoje é considerado por lei como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco desde 2009, título concedido a eventos cujas dimensões cultural e econômica já ultrapassaram os limites regionais.

Festa das Marocas. Foto: Prefeitura Municipal

A Festa das Marocas transforma Belo Jardim em um centro da cultura popular e música, atraindo milhares de pessoas que movimentam o turismo e a economia da região. O povo belo-jardinense se orgulha dessa maravilhosa herança deixada e assimilada por sua gente.

Para o diretor de Cultura do município, Flávio Passos, a realização de novas atividades na cidade e o fomento das tradições despertam o interesse pelo destino que busca seu lugar ao sol literalmente no agreste pernambucano.

“Belo Jardim é uma das grandes cidades de Pernambuco e é conhecida também por ser referência na educação e tecnologia”, tendo recentemente realizado o Jardim Digital – um festival de tecnologia, inovação que impulsiona o potencial disruptivo da região -, e por ser palco de muitos eventos, entre eles o Jardim Cultural, o Arte em Serra do Vento e o mais irreverente, a Festa das Marocas, onde a ‘fofoca’ virou festa e artesanato”, diz Flávio.

Hotel Asa Branca. Foto: Gutemberg Bogéa

A Filarmônica e o ilustre pernambucano Otto

A cidade de Belo Jardim tem seus ilustres representantes na música brasileira: o cantor Otto e a Sociedade Filarmônica de São Sebastião, que são nomes que possuem o reconhecimento nacional.

Nascido, em 28 de junho de 1968, conhecido apenas como Otto (Otto Maximiliano Pereira de Cordeiro Ferreira), cantor, compositor, percussionista é considerado uma das figuras mais importantes da nova geração de jovens músicos do Brasil. Iniciou sua carreira como ex-percussionista da primeira formação da Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A (com quem gravou os dois primeiros discos), Otto saiu dos fundos dos palcos para trazer o ousado Samba pra Burro à tona.

O músico saiu de Pernambuco em 1989 para passar dois anos na França, tocando percussão nas ruas e no metrô de Paris. Na volta, aportou no Rio de Janeiro e chegou a animar o som de uma gafieira ao lado de Jovelina Pérola Negra. Do Rio de Janeiro, Otto rumou para o Recife, quando conheceu duas pontas de lança do movimento manguebeat: Chico Science e Fred Zero Quatro.

Já a Filarmônica São Sebastião, sendo uma das mais tradicionais e antiga banda de música do Interior de Pernambuco, foi fundada em 20 de janeiro de 1887 pelo Sr. Tomás Magalhães, e, hoje com 126 anos.

A Filarmônica é formada por 55 componentes e 60 aprendizes formam a escola musical. Todos os anos as Forças Armadas do Brasil recebem o reforço dos músicos da Filarmônica de Belo Jardim. Em 2009, saíram da Filarmônica mais de 20 músicos para a carreira militar.

Uma opção de hospedagem é o Hotel Asa Branca.

Gutemberg Bogéa, jornalista, com fotos

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