O vinho português é muito conhecido não só pela sua qualidade mas, também, pela diversidade Atualmente são mais de 250 de espécies de uvas nativas.
Conhecido pelo seu tradicionalismo, Portugal hoje é o 11º maior produtor mundial de vinho, representando em média 3% de toda a produção mundial.
Portugal é conhecido pelo vinho doce fortificado, o vinho do Porto, e pelos vinhos Madeira e Verde. Atualmente a região de Lisboa também já está a ganhar grande destaque nos mercados internacionais, aumentando assim a sua procura.
Como classificar os vinhos portugueses
Durante muitos anos os critérios de classificação do vinho português prejudicavam o processo por serem confusas pois limitava as uvas, as técnicas, as leis… No entanto, com a entrada de Portugal na União Europeia o país ganhou denominações de origem. São elas:
1. DOC ou DOP
Classificam-se assim os vinhos com origem mais rigorosa: Denominação de Origem Controlada (DOC) ou Denominação de Origem Protegida (DOP).
Um dos critérios desta classificação é a quantidade máxima de colheita de uvas.
2. Vinho Regional
Outro parâmetro que classifica os vinhos portugueses é a Indicação Geográfica (IG) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP). Mais simplesmente, Vinho Regional.
3. Vinho de Mesa
O último critério na classificação de vinho português são os Vinhos de Mesa, que não estão sujeitos às normas de controle de qualidade, origem ou castas das uvas.
As 13 regiões vinícolas
Regiões vinícolas portuguesas
1. Vinho Verde
O cultivo de uvas nesta região é muito diferente das demais. Por serem cultivadas acima do solo, estas uvas têm um amadurecimento mais lento, podendo assim existir um maior equilíbrio entre a doçura e a acidez.
O clima frio, o cultivo elevado das uvas e as castas cultivadas na região são fatores benéficos para quem quer produzir este tipo de vinho.
2. Trás-os-Montes
A região de Trás-os-Montes, conhecida por muitos pelos seus inigualáveis montes e vales, trás para as suas uvas características únicas.
Os vinhos transmontanos são conhecidos não só pela diversidade, mas também pela qualidade.
Os vinhos brancos apresentam um equilíbrio aromático, de aromas frutados e florais, e uma acidez correta.
Quanto aos vinhos tintos estes apresentam uma intensidade consistente e elevada, sendo bem estruturados.
3. Douro
O Vale do Douro é uma região portuguesa conhecida pelo Vinho do Porto.
Segundo a mitologia, esta bebida surgiu para melhorar a qualidade dos vinhos de mesa que possuíam uma qualidade duvidosa.
A classificação do Vinho do Porto varia de acordo com o tempo de estágio. Quando a bebida é conservada por dois ou três anos, é chamado de Ruby; caso fique um período maior, o vinho é chamado de Tawny.
4. Dão
A maioria das vinhas plantadas nesta região possuem uvas pretas, sendo o perfil do vinho marcado por ser seco, duro e com uma persistente doçura. O fato de o frio afetar a região do Dão dificulta a maturação das uvas e os taninos podem ser mais fortes.
5. Bairrada
Esta região concorre diretamente com a região do Dão devido à qualidade dos seus vinhos.
Duas das castas que se encontram na Bairrada são a Baga (casta tinta vigorosa, com cachos pequenos e maturação tardia) e a Bical (casta muito precoce, de elevado potencial alcoólico e produz vinhos macios e aromáticos).
6. Beira Interior
O clima bem acentuado, com invernos e verões rigorosos e os solos arenosos e graníticos dão características muito especiais às uvas que são cultivadas na Beira Interior.
Os vinhos tintos caracterizam-se por serem intensos, equilibrados e jovens.
Quando se fala de vinhos brancos, estes caracterizam-se não só pela notória qualidade mas, também, pelo aroma e a persistência de sabor.
7. Lisboa
A região de Lisboa é considerada a mais produtiva de Portugal totalizando cerca de 55 mil hectares de uvas cultivadas e isto deve-se à forte influência do Oceano Atlântico.
Atualmente esta região une-se por duas que, antigamente, eram designadas como Estremadura (mais ao Norte) e Ribatejo (mais a Sul). Os vinhos possuem um teor alcoólico mais baixo e são conhecidos pela sua leveza.
8. Tejo
A Região do Tejo é uma das mais antigas de produção do vinho português. O clima temperado serve de base à criação de vinhos macios, aveludados e frutados.
Os vinhos tintos normalmente são blends de várias castas, tanto nacionais como internacionais, que resultam em vinhos muitos originais, com taninos suaves e grande complexidade de aromas.
Por outro lado, os brancos – devido ao variado uso de castas na região – caracterizam-se pela cor citrina, aroma fino e muito frutado, demonstrando assim grande leveza quando da sua prova.
9. Península de Setúbal
Por possuir um clima mediterrâneo a Península de Setúbal é marcada pelas altas temperaturas. Os vinhos que são produzidos nesta região são frutados, jovens e com uma boa acidez.
Sem deixar de falar o tão conhecido Moscatel de Setúbal, que é produzido ali e corre além-fronteiras conquistando adeptos pelo mundo.
10. Alentejo
A qualidade do vinho alentejano advém das altas temperaturas e da pouca chuva, que dão características muito específicas às uvas. Além disso, as colinas elevadas são responsáveis por fornecer rolhas de cortiça de grande qualidade.
A região do Alentejo tem como característica a produção de vinho tinto mais refinado, com taninos médios e a produção do vinho branco com corpos médios a encorpados.
11. Algarve
O Extremo Sul de Portugal Continental é uma região bem definida pela proximidade ao mar, clima, vegetação natural e cultura que dão as características a um vinho único.
O vinho branco na sua generalidade é um vinho delicado e suave quando da sua prova, apresentando um travo característico de uma região quente.
Por outro lado, o vinho tinto geralmente é aveludado, encorpado e bem estruturado, adquirindo grande parte das vezes um tom topázio.
12. Madeira
O sabor dos vinhos produzidos na ilha Madeira é conhecido pela qualidade devido ao estágio e ao consequente envelhecimento. Esta região é capaz de produzir vinhos extremamente duradouros, seja por décadas ou, até mesmo, séculos.
Os vinhos Madeira harmonizam doçura e acidez, deixando a boca com a sensação limpa quando consumida.
13. Açores
A exploração e a cultura das uvas na região dos Açores são feitas em três ilhas: Graciosa, Biscoitos e Pico.
Em grande parte, as uvas cultivadas nos Açores oferecem grande frescura no palato e uma acidez notável devido ao clima, também este diferente. Um grande destaque desta região é o Vinho Generoso da Ilha do Pico.
Titular Dão – Colheita Branco
Vinho elaborado com as uvas Encruzado, Malvasia Fina e Bical. De aspecto citrino, apresenta uma boa acidez e aroma fresco e frutado. Na boca apresenta-se bem fresco e com boa estrutura e volume.
Harmoniza com peixe, marisco, saladas ou como aperitivo. Deve ser servido a uma temperatura entre os 10 e 12ºC.
É um vinho de bom preço pela qualidade que apresenta. Encontra-se facilmente nos supermercados e lojas de Curitiba.
Falcoaria Branco – Vinhas Velhas
Vinho DOC TEJO elaborado 100% com castas Fernão Pires. Apresenta 13% de teor alcoólico. Cor citrino brilhante. Aroma de frutas cítricas e tropicais com notas de tosta de madeira.
Em boca é marcadamente mineral, com notas de salinidade expressando o seu terroir. Tem ótima acidez, com equilíbrio e persistência. As vinhas têm mais de 65 anos.
EA DA Cartuxa
O vinho Cartuxa EA Branco foi lançado pela primeira vez em 1992 e, desde então, tornou-se um grande sucesso de vendas daFundação Eugénio de Almeida.
Elaborado com um corte das uvas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro (Códega), oriundas de vinhedos localizados na região vitivinícola do Alentejo.
De coloração amarela com reflexos esverdeados, revela, no nariz, aromas frutados, como de maçã-verde. Em boca, o Cartuxa EA Branco é fresco e fácil de beber, contando com acidez equilibrada e um final agradável. O teor alcoólico é de 13%.
A Fundação Eugénio de Almeida é um dos mais ilustres nomes do Alentejo – e de Portugal. Seus vinhos estão entre os tintos e brancos alentejanos mais apreciados tanto no país como no Exterior, especialmente no Brasil.
Rótulos como Vinea, EA, Foral de Évora, Cartuxa, Scala Coeli e o mítico Pêra-Manca foram determinantes para colocar o Alentejo na rota do vinho mundial, ocupando diversas faixas de preço.
A Fundação Eugénio de Almeida possui quatrocentos hectares de vinhedos distribuídos em quatro propriedades na sub-região de Évora. As castas típicas são as vedetes, entre elas, as brancas Roupeiro, Antão Vaz e Arinto, e as tintas Trincadeira, Aragonez e Castelão. Além dos vinhos bem talhados, saborosos e macios, o edifício da Adega Cartuxa é um verdadeiro patrimônio histórico.
O preço do EA branco é bem razoável e encontra-se facilmente nos supermercados e lojas de Curitiba.
Papa Figos Tinto
É um vinho da Casa Ferreirinha/Douro, elaborado com 35% com uva Tinta Roriz, 30% de Touriga Franca, 20% de Tinta Barroca e 15% de Touriga Nacional. A graduação alcoólica é de 13%.
O aroma é de frutas vermelhas bem maduras enriquecido pela madeira discreta. Em boca é equilibrado, com bom volume, acidez integrada, taninos macios e final longo, harmonioso e elegante.
Harmoniza com aves, carnes variadas e queijos.
Chaminé da Cortes de Cima
O nome Chaminé tem origem numa das parcelas da vinha – ‘Chaminé de Gião’ da Cortes de Cima.
É um vinho Alentejano elaborado com 35% de uvas Aragonez, 30% Syrah, 15% Touriga Nacional, 15% Alicante Bouschet e 5% Trincadeira. O teor alcoólico é de 13,5%.
As uvas que deram origem a este vinho crescem nas vinhas da Cortes de Cima, onde segue-se um programa de viticultura sustentada. Fermentado sem engaço, a temperaturas controladas com frequentes remontagens. Estagiou em cubas de inox antes do ser engarrafado, sem colagem e com filtração. Sem envelhecimento em barrica.
O paladar, concentrado, tem características de frutos silvestres maduros e a estrutura é suave e equilibrada.
Tinto Douro da Quinta do Vallado
É um vinho do Douro elaborado com uvas Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Sousão e Vinhas Velhas. O vinho amadurece oito meses em carvalho francês. O teor alcoólico é de 13,5%.
Tem cor vermelha violácea. O aroma é concentrado de frutas vermelhas maduras, esteva e violeta. Em boca tem boa estrutura, com volume e taninos redondos e final persistente.
Mas além da delícia deste vinho e de outros da Quinta do Vallado, tem um outro detalhe a ser considerado. Junto a vinícola tem um hotel excelente próximo ao Douro e a cidade de Peso da Régua.
Quinta do Crasto Reserva – Vinhas Velhas
Vinificado a partir de uvas provenientes das vinhas velhas da Quinta do Crasto, com uma idade média de aproximadamente setenta anos, o vinho Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas é um autêntico blend do melhor que o Douro tem para dar e é, altamente, reconhecido nacional e internacionalmente pela sua excelente relação qualidade/preço a par do número significativo de garrafas disponíveis no mercado.
A Quinta do Crasto tem quarenta hectares de vinhas velhas, num total de 42 parcelas de vinhas, sendo as mais emblemáticas e conhecidas a Vinha da Ponte e a Vinha Maria Teresa, e nas quais podemos encontrar dezenas de castas diferentes.
A produção média por hectare de uma vinha velha é de três mil, no entanto, variável de ano para ano, dependendo das exigências qualitativas requeridas pela equipe de Enologia para produzir os diferentes vinhos que utilizam a produção das vinhas velhas e nos quais se incluem os vinhos “monovinha”.
Dadas estas restrições produtivas, a quantidade de garrafas de Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas varia significativamente, mas situa-se entre as oitenta e noventa mil garrafas produzidas anualmente.
O vinho Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas apresenta uma grande complexidade e concentração, resultante das baixas produções características das vinhas velhas, em combinação com o seu estágio de dezoito meses em barricas de carvalho francês e americano, a temperatura controlada na cave de barricas da Quinta do Crasto.
O vinho Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas apresenta um aroma complexo, com a fruta e a madeira muito bem integradas, revelando notas de especiarias. Na boca, mostra-se intenso e profundo, bem equilibrado pela firme estrutura de taninos e um longo e persistente final.
Ideal para acompanhar pratos fortes de carne ou caça.
Engarrafado sem filtração pode vir a criar depósito durante o seu envelhecimento em garrafa.
O Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2018 ganhou 95 Pontos no Wine Advocate/ obert Parker (EUA 2021) e 18 pontos da Revista Grandes Escolhas (PT/2021).
Brutalis da Vidigal
Vinho tinto muito bom da região de Lisboa. Teor alcoólico de 15%. Elaborado com 80% de uvas Alicante Bouschet e 20% Cabernet Sauvignon.
Vinho bastante condimentado com notas frescas de cedro, folha de tabaco, caroço de cereja e boa presença de chocolate negro.
Vigoroso na forma e estrutura, com final condimentado e prolongado, onde os fumados e especiarias da madeira se interligam
Sugestões para harmonizar: pratos substanciais baseados em carnes, caça de grande porte, queijos de sabor intenso, como da família Roquefort, e cozinha oriental picante.
Scala Coeli da Cartuxa
O vinho Scala Coeli que em latim significa “escada para o Céu”, deve o seu nome ao Convento de Santa Maria Scala Coeli, normalmente conhecido por Convento da Cartuxa, local onde os monges Cartuxos permanecem em silêncio e oração.
É um vinho alentejano que gosto muito e me traz ótimas recordações da visita a vinícola Cartuxa – Fundação Eugenio de Almeida.
É elaborado com uvas Syrah, com teor alcoólico de 15,5%. Tem coloração granada intensa. Evidentes aromas de torradas, com notas de cacau e frutas maduras em seguida. Muito bem estruturado na boca, é um vinho ao mesmo tempo poderoso e elegante, cheio de raça e com um final longo e delicioso.
É um vinho que amadurece quinze meses em barricas novas de carvalho francês.
Vinho do Porto Graham’s Fine Tawny
Teor Alcóolico: 19%. Vinho encorpado. Possui coloração âmbar profundo. Seus aromas são complexos e vibrantes, com notas de frutas maduras e secas, nozes, figo e mel. Além disso, toques de especiarias da madeira também aparecem. O estágio na madeira deixa o vinho aveludado e macio, além de equilibrado e complexo. O ótimo buquê lembra nozes e frutas secas. Apresenta grande persistência na boca.
É um Porto para ter sempre em casa, que fica ainda melhor quando servido na temperatura de adega.
Melhores vinhedos localizados no vale do Douro Superior das propriedades da família Graham (Quinta dos Malvedos, Quinta da Vila Velha, Quinta das Lages, Quinta de Vale de Malhadas).
Vinificação: fermentação curta (mais ou menos dois dias). O vinho amadurece em pipas de carvalho tradicionais de 534 litros até uma maturação completa.
Harmoniza com queijos, chocolate, ao final da refeição.
A garrafa pode ser consumida até quatro meses após aberta.
Em Portugal os bons vinhos estão em muitos lugares além das Vinícolas.
Eu aprecio, e recomendo, a degustação nas Vinícolas porque posso conhecer todos os produtos elaborados, converso com as pessoas do local para saber sua opinião a respeito, conheço o “terroir” dos vinhedos, aprecio a gastronomia que harmoniza com os vinhos, registro em fotos e lembro sempre desta experiência.
Tim tim!!!
Bete Yang, é Engenheira Civil, formada em 1975 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é enófila desde 1996 quando visitou região vinícola de Stellenbosch na África do Sul. Fez cursos de vinhos em Curitiba, no Vale dos Vinhedos (RS), na Associação Brasileira de Sommeliers/RJ, em Rioja (Espanha) e na Ecole du Vin de Saint-Émilion (França). Desde 2017 atua como coordenadora do Viniep (Confraria de vinho do IEP- Instituto de Engenharia do Paraná). Visitou mais de 160 vinícolas na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul e Oceania. bete_yang@yahoo.com
Fotos: Bete Yang
Parabéns Bete, mais uma ótima matéria que nos faz viajar pelo mundo dos vinhos!
Bela matéria, como sempre!
Apresentação didática: organizada, clara e sucinta.
Querida colega do IE Bete espetacular vinhos da mais alta qualidade. Problema é meu salário kkkk esses dias prováveis um Rose da Vallado Bom demais. Valeu você e especial …
Parabéns Bete. Como sempre trazendo muita informação. Aprendi muito com a leitura de seu texto.
Trabalho precioso realizado pela querida Bete Yang.